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Cinara Leal avalia Nos Tempos do Imperador entrar toda gravada na Globo: “Novo para nós”

Na nova novela das seis, ela interpreta Justina


A atriz Cinara Leal posando em cima de pedras, à esquerda, e na novela Nos Tempos do Imperador, à direita, em montagem do NaTelinha
Cinara Leal em Nos Tempos Imperador - Foto: Montagem NaTelinha
Por Ana Cora Lima

Publicado em 22/08/2021 às 05:31,
atualizado em 22/08/2021 às 08:46

Cinara Leal está no elenco da novela Nos Tempos do Imperador da Globo. Atriz com de 15 anos de carreira e 13 de produções na televisão entre novelas e séries, ela assume que, pela primeira vez, está estranhando ter uma trama toda gravada no ar. “É estranho mesmo, não ter a troca com o público, o jogar junto com eles, será novo para nós. A responsabilidade aumenta”, admite a Justina, uma ex-cativa do coronel Ambrósio, pai do pérfido Tônico ( Alexandre Nero) e que ganhou alforria e o respeito da condessa de Barral (Mariana Ximenez).

Aos 43 anos, ao NaTelinha, ela é assume ser uma mulher movida por sonhos, gostaria de interpretar as gêmeas Ruth e Raquel de Mulheres de Areia em um remake  e quer  tirar do papel a sua produtora sócio-cultural que tem projetos para dar  visibilidade, protagonismo e oportunidades para negros periféricos.

Cinara também é um sobrevivente da Covid-19. “Foi terrível, o vírus ataca muito rápido, você fica muito debilitada fisicamente e emocionalmente. Fiquei 5 dias no hospital, o medo de morrer eminente”, relembrou.

Confira a entrevista completa de Cinara Leal

Queria que você falasse um pouco da sua personagem de Nos Tempos do Imperador?

Cinara Leal - Justina ex-cativa do Coronel Ambrósio, pai do pérfido Tônico (Alexandre Nero) encontrou na fazenda da condessa de Barral (brilhante Mariana Ximenez) o respeito devido e sua alforria. Se torna assalariada de Luísa e sua grande amiga e confidente. Justina traz na pele ancestralidade, história, dores, luta mas também serenidade e certeza de quem tem um sonho para além dela, de quem tem fé na vida e valor de quem somos. Ela foi educada tardiamente e esse é o seu sonho: educar seus irmãos. Com muita sabedoria e altivez não desistirá de seu objetivo, de libertar, de dignificar e levantar seu povo, como nome já diz quer justiça. Sem ansiedade, ela aguarda esse momento da sua vida com dedicação, planejamento e resistência. No meio dessa trajetória conhecerá um homem mais novo e com ele o amor. Justina tem na educação e na consciência suas armas contra a cruel servidão e assim mostrará que a educação liberta.

Como é gravar, parar e voltar a gravar uma novela?

Cinara Leal - Um grande desafio pra todos, paramos por duas vezes. Vivemos a força de resistir para existir. O trabalho do ator é infindável e tivemos a chance de olhar para o que já tínhamos feito e reconstruirmos trazendo mais conhecimento, conteúdo, consistência, e claro, vivência. As produções pararam, mas a vida não, e isso influencia diretamente no nosso trabalho, como diz Nina Simone “Como você pode ser artista e não refletir os tempos?”. Eu sou uma artista do meu tempo, e por isso, procuro questionar e  ressignificar o nosso viver através da arte.

Novela de época é mais complicado que novela contemporânea? O que gosta mais e por quê?

Cinara Leal - Novela é dramaturgia, época ou contemporânea sempre terá uma licença poética na narrativa. Novela tem a função de entreter e também de informar seja ela em qual tempo for.  Com uma novela de época temos a oportunidade de mostrarmos o estrutura desigual que construiu esse país e o quanto estamos reproduzindo isso até hoje. A ausência política de inserção dos negros no mercado de trabalho, nos espaços sóciais, culturais e econômicos. Por isso a extrema importância dessa novela, nos questionar, mostrar o quanto nós negros resistimos, o quanto como sociedade não evoluímos, e pior, reproduzimos modelos antigos de desvalorização, exclusão e desumanização do negro quando naturalizamos que a cada 23 minutos tem um corpo negro sem vida no chão. É urgente conscientizar para transformar.  O que eu mais gosto? O que eu gosto e muito é de trabalhar, afinal “É caminhando que se faz o caminho”.

O que descobriu com essa trama que você não imaginava?

Cinara Leal - A força do coletivo, de sermos nós mesmos, em qualquer tempo, quem qualquer lugar.

Essa novela está sendo muito aguardada não só pela direção da emissora, por ser uma produção inédita, como pelo público pelo mesmo motivo? Como os atores veem isso? Tem algum peso?

Cinara Leal - Ótima pergunta porque mostra como viver é coletivo. A novela faz parte da cultura dos brasileiros e todos nós juntos estávamos aguardado e desenhando essa volta. E por isso, não vejo como peso e sim como respiro, de renascimento para todos nós. E principalmente a importância da arte nas nossas vidas. 

Também é uma novela que foi toda gravada, ou quase toda, antes de estrear. É estranho para os atores não ter aquela coisa imprevisível do público mudar o destino de um personagem?

Cinara Leal - Ahaaa sim, isso é estranho mesmo. Não ter a troca com o público, o jogar junto com eles, será novo para nós. A responsabilidade aumenta. 

Se fosse chamada para fazer uma remake, que novela gostaria e que papel seria o escolhido? Por quê?

Cinara Leal - Eu adoraria fazer Ruth e Raquel, as célebres gêmeas de Mulheres de Areia, interpretadas pela incrível Glória Pires. A ideia de representar duas personalidades ao mesmo tempo é um grande desafiam. A Júlia de Dancing Days interpretação da maravilhosa Sônia Braga. Tenho conexão com personagens de mulheres fortes que admiro muito como a Glória Pires, a Sônia Braga e a Zezé Motta”

O que ainda te falta profissionalmente?

Cinara Leal - Muita coisa. Sou movida a sonhos. Passa por ser convidada para um personagem ( todos que fiz foi através de teste) a tirar do papel a minha produtora sócio-cultural que tem projetos que trazem a extremidade pro cetro, dá visibilidade, protagonismo e oportunidade para negros periféricos. São projetos de teatro, séries e reality, todos escritos por mim e toda a estrutura desses projetos serão executados através de oficinas, gerando oportunidade e fomentando o sonho de crianças. “Elas precisam acreditar que é possível, mesmo quando o mundo dizer não, eu estarei lá para dizer sim”.

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