Opinião

Atuação da Semana: Mariana Santos assombra com interpretação contundente

Atriz entrou às pressas em Elas por Elas, mas está brilhando


Mariana Santos como Natália em Elas por Elas
Natália está em busca da verdade enquanto Mariana Santos brilha - Foto: Reprodução/Globoplay

Pouco antes de Elas por Elas estrear, o elenco da novela das seis sofreu uma mudança drástica. Para um dos papéis principais saiu de cena Mônica Iozzi e assumiu a função de Natália ninguém menos que Mariana Santos. Logo em suas primeiras cenas a atriz mostrou que, embora a personagem seja uma das mais difíceis, ela mostrou segurança e composição detalhada e planejada.

Natália, se fosse analisada, teria algum tipo de transtorno mental e está sempre à beira de um ataque de nervos, além de suas constantes mudanças bruscas de humor. Na vida real existem diversas pessoas assim, na dramaturgia há um problema porque a interpretação pode soar caricata, exagerada, inclusive numa novela que se propõe a ser solar, quase de humor, como era a obra original, que foi ao ar em 1982 no horário das sete.

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Mariana Santos tinha a opção de entrar na produção discreta e ir galgando seu espaço. Isso porque, quando ela começou a gravar, todo o restante do elenco já estava com a química pronta de semanas de preparação e de gravações em ritmo acelerado. Porém, ela não quis ficar no piloto automático e optou por uma construção rápida, imediata e contundente: um risco e tanto.

A maior questão desta opção seria a atriz parecer desconectada do restante do elenco, já que não foi preparada da mesma forma. Mas não é o que se vê em cena. Natália é densa, bem construída e interpretada com o corpo todo. A voz, os olhos esbugalhados e os movimentos exagerados dão o tom de uma pessoa que está sempre prestes a cometer uma insanidade. Nada disso, no entanto, soa como exagero, superficialidade ou falsa composição. A personagem parece que existe de verdade, tamanha a entrega

De todas as protagonistas, Natália é certamente a mais difícil por fugir completamente do estereótipo do riso frouxo. Não é que ela não seja de humor, é, mas com outras camadas. Além disso, é ela quem segura o roteiro complexo para tentar atrair o público em busca de descobertas de algo que o telespectador não tem: a identidade do assassino do irmão dela.

Com tamanhos elementos, trata-se de uma personagem complicada de se interpretar, porém a presença de Mariana Santos se mostra um acerto da direção da novela. A escolha para substituir Mônica Iozzi não poderia ser melhor e nesta segunda semana de Elas por Elas, todas as sequências em que esteve presente, Mariana roubou a cena e deu provas de que estava pronta para um papel desse quilate.

É cedo para dizer se o reboot da novela será um sucesso e se o elenco conseguirá segurar o rojão. Mas Mariana Santos mostra, mais uma vez, que é uma grande artistas e que merece voos cada vez maiores na dramaturgia da Globo.

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