Opinião

Atuação da Semana: Vai na Fé celebra talento de Sheron Menezzes e vitória contra o racismo

Atriz demorou 20 anos para protagonizar uma novela e mostrou que não era por falta de talento


Cena final de Vai na Fé com Sol, de Sheron Menezzes
Vai na Fé fez Sheron Menezzes brilhar - Foto: Reprodução/Globoplay

Desde que Vai na Fé foi anunciada, ainda em 2022, muita gente se perguntou os motivos da escolha de Sheron Menezzes como protagonista. Afinal, com duas décadas dentro da Globo, a atriz jamais havia recebido uma mocinha para chamar de sua. Agora, com o final da obra, a pergunta que deve ser feita é por que demorou tanto? A produção das 19h chegou ao fim para celebrar o talento desta artista completa e também mais um capítulo da vitória contra o racismo.

Sheron já havia mostrado completo domínio na arte da interpretação em outros trabalhos, como em Lado a Lado (2012) e Bom Sucesso (2019), para citar apenas dois. Em Vai na Fé ela tinha uma missão quase impossível: Sol era uma alegoria da mulher brasileira típica: preta, favelada, evangélica e sem um tostão para comprar o gás. Ainda assim,  a personagem tinha um otimismo e uma esperança inabaláveis.

Se a autora Rosane Svartman apostou certo nas mudanças de ares do Brasil ao propor uma novela para dar doses de esperança ao público, Sol ia além e apostava na sua fé e na sua força de batalhar como fonte de energia para superar todas as dores da vida. No mundo real, nem sempre o sofrimento consegue ser superado pela fé religiosa ou pela expectativa de dias melhores, daí o perigo.

A personagem, portanto, era complexa e com alto risco de rejeição porque ninguém parecia disposto a acreditar na verossimilhança de alguém assim. Sheron optou por uma composição solar, mas sem estereótipo e que fugiu da caricatura. Sol era uma mulher feliz, mas que sabia a hora de sofrer, a hora de respirar e que nem sempre acertava nas decisões, mas que era sempre visceral em defesa de seus princípios.

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A mocinha evangélica da novela da Globo conquistou todas as religiões porque Sheron Menezzes seguiu a proposta da autora à risca e construiu uma protagonista constrangedoramente real. Era impossível assistir aos capítulos de Vai na Fé e não imaginar Sol como uma vizinha, uma amiga ou uma mulher que tenha passado por nossa vida. Isso é mérito exclusivo de uma artista completa.

Sheron teve a última semana inteira para celebrar seu talento. Na reta final da trama, sua personagem brilhou intensamente e mostrou que a esperança termina bem, colhendo os louros do trabalho. Ela ainda ganhou mais uma chance de brilhar na sequência em que Theo (Emílio Dantas) a sequestra. Teve de tudo para mostrar a versatilidade da atriz.

A partir de agora, ela deve figurar na primeira prateleira de atrizes de sua geração e não há mais aceitável que Sheron fique deixada de lado para papéis menores. Além disso, é preciso celebrar mais uma conquista: a vitória contra o racismo porque só isso explica duas décadas para ela protagonizar uma novela na Globo.

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