Atuação da Semana: Mariana Ximenes faz público odiar Gilda com maestria
Atriz repete dosagem ao fazer mais uma vilã com rara capacidade
Publicado em 16/07/2023 às 08:50
Quando Amor Perfeito foi anunciada como novela das 18h e no elenco apareceu o nome de Mariana Ximenes, houve quem se perguntasse se a atriz construiria uma personagem crível. Sem questionar a capacidade artística dela, a artista já enfrentou problemas ao receber papéis em tramas de época. Dessa vez, no entanto, ela acertou em cada passo da composição e se transformou num dos grandes acertos da novela.
Mariana tinha uma dificuldade para enfrentar, seu tom de interpretação. A atriz sempre criou personagens contemporâneas e que nem sempre combinavam com produções de época. A culpa não é exatamente dela, mas de quem a escalava para os papéis, como aconteceu em Joia Rara (2013).
Em Amor Perfeito, porém, notou-se que a atriz é insistente e não se deixaria levar por uma composição problemática e nem se curvaria a uma possível limitação. Mariana aceitou voltar às produções de época e, agora, como vilã - o que seria um desafio duplo. Nestes últimos capítulos, ela mostrou que aprendeu a fugir do estereótipo das personagens contemporâneas e criou um Gilda real.
Mariana Ximenes leva credibilidade nas vilanias de Gilda
É bem verdade que a atual novela das 18h não carrega nas tintas quando o assunto é construção histórica. Isso também entregou liberdade narrativa para que a atriz fizesse uma vilã com cores fortes, quase solar ainda que muito má. A antagonista de Marê (Camila Queiroz) é quem faz a roda da história girar e a cada cena nos últimos capítulos mostrou que ela desamarra os nós chamando para si o protagonismo.
Gilda é convincente para outros personagens e engana todo mundo porque precisa atuar constantemente. Mariana interpreta três personagens distintas na novela: Gilda fingindo ser boa, Gilda sendo má e Gilda verdadeiramente apaixonada. As três, no entanto, são uma coisa só e Ximenes consegue dar credibilidade para mostrar as várias facetas da vilã.
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Se o primeiro desafio da artista era provar que poderia criar uma personagem de época com credibilidade, o segundo era mostrar que não estava presa a sua outra vilã, a icônica Clara de Passione (2010). Gilda não poderia ser mais distante da perversa da produção das 21h em todos os pontos. Enquanto a atual é dissimulada e contida, a outra era radical e histriônica.
Amor Perfeito pode até não entrar para a história da dramaturgia, ela já serviu para muito porque é uma ótima trama. Mas mais do que isso, a produção será lembrada por mostrar que Mariana Ximenes não é apenas uma boa atriz, mas é uma artista completa.