Opinião

Globo transforma Carnaval em mini JN com jornalistas na transmissão

O evento que deveria ser um show de entretenimento fica modorrento


Rodrigo Bocardi no Carnaval 2023
Globo precisa tirar o Carnaval do jornalismo - Foto: Reprodução/Globoplay
Por Daniel César

Publicado em 21/02/2023 às 06:20,
atualizado em 21/02/2023 às 10:51

Existe uma máxima em quem estuda comunicação, que virou uma espécie de lenda urbana: jornalista pode tudo, ou acha que pode. Claro que tudo não passa de uma brincadeira por conta das muitas funções que a profissão exige, embora nem todas sejam para o grupo. Uma delas, claramente, é a escolha equivocada da Globo em investir em jornalistas para comandar a transmissão do Carnaval, o que é recorrente de muitos anos, porém piorou em 2023.

A transmissão dos desfiles das Escolas de Samba não é tarefa fácil porque, ao mesmo tempo em que o grupo vai desfilando é preciso permitir que o telespectador acompanhe a música, o ritmo, a intensidade, além de receber informações sobre o tema escolhido. Talvez por isso, a Globo busca, historicamente colocar jornalistas à frente da apresentação, já que os profissionais são acostumados a informar muito em pouco tempo.

Acontece que jornalismo também é, entre tudo da TV, o lado mais sério e sóbrio. Seriedade e sobriedade não combinam em nada com Carnaval e só servem para tirar o ritmo. Por mais que nomes de imensa qualidade como Rodrigo Bocardi, Maju Coutinho e Aline Midlej, eles são jornalistas e enxergam o evento como um programa jornalístico.

A rigidez que o padrão Globo de qualidade criou nos anos 80 e que funcionava muito bem àquela época, nunca foi tão certeira no Carnaval. Isso porque é um momento em que todo mundo está mais relaxado e não quer necessariamente ser bem informado, antes, prefere se divertir. Falta um DNA mais de entretenimento para as transmissões, que poderiam chegar recheadas de brincadeiras e momentos icônicos, caso o canal saísse um pouco da casinha.

É bem verdade que, em momentos passados, houve grandes apresentações, como Chico Pinheiro que é jornalista, porém sabe se despir da carapuça quando necessário e Cléber Machado que é, talvez, o maior showman que existe dentro da Globo e muito mal utilizado, diga-se. Acontece que em geral, é sempre mais do mesmo e uma chatice seja qual for a escola que está desfilando. Ainda que a direção artística já seja do entretenimento, na prática, quem comanda tudo é o jornalismo.

Se decidir permanecer com o Carnaval a partir do ano que vem, o canal precisa repensar completamente a estrutura de cobertura. Talvez seja o caso de entregar para o entretenimento e dar oportunidade a novos rostos mais despojados, como Lívia Andrade, Fábio Porchat e Marcos Mion. Porque se for para continuar assim, é melhor não exibir e fazer um resumão no Jornal Nacional, não irá fazer a menor diferença.

Participe do nosso grupo e receba as notícias mais quentes do momento.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

Participe do grupo
TAGS:
Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado