Opinião

Vai na Fé era tudo o que o Brasil precisava após o apocalipse eleitoral

Novela é um acerto solar num momento conturbado do país


Cena de Vai na Fé com Sol e a família
Vai na Fé acerta o tom nestes primeiros capítulos - Foto: Reprodução/Globoplay

Quando a Globo anunciou o retorno de Rosane Svartman para a faixa das 19h numa novela que tinha o ponto de partida uma protagonista evangélica, muita gente se questionou como a trama seria desenvolvida. Com duas semanas no ar, Vai na Fé animou até os mais incrédulos com o currículo da autora e ficou didático o motivo para a direção de dramaturgia do canal ter aprovado a sinopse: é a novela que o Brasil precisava após o apocalipse eleitoral.

Seja progressista, seja conservador ou até reacionário, mesmo quem não goste de política era impossível negar: os últimos seis anos foram intensos no Brasil e ninguém conseguia falar de outro assunto que não fosse a guerra ideológica. As novelas acabaram contaminadas pelos temas, sejam de esquerda ou de direita e ninguém aguentava mais. O período eleitoral transformou a população brasileira num verdadeiro apocalipse com direito até às pragas do fim do mundo sendo enviadas.

Independente de quem venceu as eleições seja quem parte da audiência queria, um fato inquestionável é que estava todo mundo esgotado com tanta guerra de informações e tudo que o brasileiro precisava era sonhar. Claramente a escolha da sinopse de Rosane passou pelo fato de ser uma trama solar e que entregava uma proposta de positivismo que havia sumido das novelas brasileiras.

É bem verdade que Sol (Sheron Menezzes) sofre quase todos os momentos da trama e há muitos conflitos, mas isso não tira o positivismo que a autora quer passar. Todas as personagens, sejam ricas ou pobres, sejam sofridas ou felizes, todo mundo tem uma visão positivista da vida e busca melhorar. A fé e a esperança permeia todos os núcleos e é praticamente um pano de fundo da produção.

Vai na Fé tem muito o que desenvolver ainda e o histórico da novelista não é dos mais promissores - ela se perdeu em Totalmente Demais (2015) e Bom Sucesso (2019), mas que a atual novela é promissora, é. Inclusive, em duas semanas de exibição, a produção se mostra mais interessante que as anteriores da autora no horário e uma maturidade que não havia se mostrado antes.

Após um período de guerra em que os brasileiros se dividiam entre inimigos mortais, o brasileiro precisa relaxar. Historicamente a forma mais corriqueira em que o país encontra um motivo para se alienar dos problemas é a telenovela. São incontáveis tramas feitas sob medidas em épocas tensas e que foram sucessos descomunais, Vamp (1992) e Uga Uga (2000) para citar dois, e parece ser esta a busca da atual chefia do canal.

Em 13 capítulos exibidos, Vai na Fé mostra que está mais próxima do entretenimento que da arte. Se aproxima muito mais de uma produção para relaxar que uma profunda reflexão do universo gospel brasileiro e isso não é demérito. A novela parece ser exatamente o que o Brasil precisava depois da explosão do apocalipse que foi 2022. Se vai dar certo, depende mais de Rosane Svartman que qualquer outra coisa.

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