Todo dia a mesma noite: 5 cenas destruidoras da minissérie sobre a boate Kiss
A produção da Netflix tem sequências de partir o coração
Publicado em 05/02/2023 às 13:05
Em homenagem aos 10 anos do terrível incêndio que vitimou 242 jovens dentro da boate Kiss, em Santa Maria (RS), a Netflix lançou em 27 de janeiro uma minissérie contando a história. A produção não é das mais fáceis para quem é telespectador e tem cenas que são verdadeiros gatilhos para mentes mais volúveis. Ainda assim, trata-se de uma minissérie importante porque mostra não apenas um momento difícil do país, mas o tamanho da injustiça em que o Brasil parece enfiado sem condições de sair.
Em cinco episódios, Todo Dia a mesma Noite acompanha a vida dos sobreviventes e dos pais que perderam filhos na tragédia, enquanto lutavam por justiça. A minissérie mostra trechos antes do incêndio e também o momento exato em que começa a pegar fogo e o desespero de quem estava na boate.
Não é tão fácil assistir à história da boate Kiss e a minissérie tem cenas destruidoras e que já seriam fortes apenas na dramaturgia, mas que ganham ainda mais contornos dramáticos quando se pensa que elas aconteceram na vida real.
As 5 cenas mais fortes sobre a boate Kiss
1 - "Sem comanda ninguém sai"
A primeira sequência mais forte da minissérie acontece ainda no primeiro episódio, quando o incêndio começa no meio do show e o caos se instala no momento em que os jovens percebem tratar-se de fogo generalizado. A partir daí, todo mundo tenta fugir e uma multidão corre para a porta de entrada a fim de tentar sobreviver.
Acontece que, ao chegar na porta, todos deram de cara com ela fechada e um grupo de seguranças parados na frente, impedindo a saída. "Sem comanda ninguém sai", bradou um dos seguranças, fingindo ignorar o desespero de jovens, atrasando a saída e, consequentemente, permitindo que alguns deles acabassem morrendo.
2 - Pais tentam encontrar carro do filho no estacionamento da Kiss
Pouco depois da notícia de que há um incêndio na boate Kiss, muitos pais saem para o local sem ter noção da dimensão da tragédia. Um deles é Ricardo (Paulo Gorgulho, em estado de graça) que, com a esposa sai de casa acreditando que seu filho, que saiu de carro para uma balada, não estava lá.
Ao chegar no local, eles percebem o caos instalado e entram em pânico. Correndo para o longo estacionamento da boate, pai e mãe usam o alarme reserva do automóvel para verificar se o carro que ficou com o filho estava no local, passam a apertar o botão desesperadamente em todo o local. Dramaticamente, já no fim do estacionamento o som que não queriam ouvir acontece, o som do alarme no carro.
3 - A descoberta da morte por um tênis
O segundo episódio é todo voltado para a descoberta de quem está vivo e de quem morreu, com direito a uma sequência de cenas fortes. Muitos pais e familiares foram obrigados a reconhecer corpos, procurar em hospitais na esperança de encontrar alguém vivo.
Num desses momentos, após correr por todos os hospitais, um dos pais vai até o ginásio de esportes, onde os corpos foram colocados para serem reconhecidos e começa a andar pelo local. Com o aparelho celular, ele telefona para localizar o corpo da filha, mas acaba a encontrando um pouco antes, ao ver o tênis que deu a filha, horas antes, num dos corpos cobertos e, em seguida, o celular toca.
4 - Filho deixa um presente para o pai
Há muitos momentos ruins e com gatilhos para quem assiste Todo dia a mesma Noite, porém também há pequenos presentes para o telespectador. Ainda que ninguém vá assistindo esperar um final feliz, a minissérie transmite momentos de esperança, embora em fiapos.
Um deles é a chegada de Geraldo (Leonardo Medeiros) em casa, após mais uma viagem em busca de justiça pela morte do filho. A esposa conta que o jovem morto teve uma namorada que a família não soube e a moça engravidou, dando um neto para o casal que vê, pela primeira vez, um motivo para continuar vivo.
5 - Pais vão a julgamento
Enquanto esperam para que o sistema judiciário funcione e puna os responsáveis pelas 242 mortes, os pais travam uma guerra com o Ministério Público. Em meio a troca de acusações, a promotoria decide processar quatro pais e mães por uma série de supostos crimes praticados contra eles.
A sequência em que os pais, que perderam filhos jovens, vão à julgamento antes dos responsáveis pelo incêndio, é fortíssima. Embora eles acabem sendo inocentados é uma mostra de como funciona a justiça do país.
Bônus - Mãe entra na boate Kiss
Após cinco anos sem que ninguém seja condenado, o advogado dos quatro réus consegue impedir que o caso vá a júri popular e deixa os pais transtornados. Para que consiga manter o caso aceso, a Associação de Pais ouve do advogado que é preciso que o prédio da boate Kiss não seja demolido, como a prefeitura vinha articulando.
Pouco antes de conversar com a responsável pelo caso, uma das mães, Silvia (Débora Lamm) entra nos escombros da boate numa das sequências mais fortes, não apenas da série, mas dos últimos anos na TV. Conforme ela vai vendo tudo destruído, com direito a peças de roupas e calçados dos filhos mortos, ela passa mal numa reação semelhante a dos telespectadores.