Visão Panorâmica

Atual temporada de "Malhação" é a melhor novela das sete desde "Cheias de Charme"

Emanuel Jacobina criou um grande enredo, mas para o horário errado

"Malhação - Toda Forma de Amar" é uma boa novela - Foto: Reprodução/Globo
Por Naian Lucas

Publicado em 02/07/2019 às 18:01:43

Malhação – Toda Forma de Amar” passou dos 50 capítulos e já é possível fazer uma análise mais aprofundada sobre a temporada escrita por Emanuel Jacobina. A história gira em torno de Rita (Alanis Guillen) e ela se divide em duas situações: a luta pela guarda da filha e o testemunho do assassinato de um jovem da Baixada Fluminense.

Partindo dos dois argumentos, fica claro que a premissa passa longe de um assunto do universo jovem, ou seja, não deveria ser exibida na faixa. Contudo, o que importa é a abordagem e está claro que a temporada, infelizmente, não dialoga com o público adolescente.

Há temas que fazem parte do cotidiano dos jovens brasileiros, porém, o eixo da produção é uma história adulta. Ponto. Vamos iniciar pela briga pela Nina: Lígia (Paloma Duarte) e Joaquim (Joaquim Lopes) são pais adotivos da criança. Rita tenta recuperar a guarda da menina, pois seu pai a roubou e entregou para adoção.

Uma situação dessa não é comum, mas disputa de guarda de criança acontece na vida de milhões de pessoas no mundo, sendo majoritária adulta. Não há espaço para uma abordagem com olhar adolescente, até porque a protagonista é maior de idade, assim como Lígia e Joaquim são os integrantes adultos da temporada.

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O outro ponto da história: o assassinato de um jovem da Baixada Fluminense. A região de Caxias é uma das mais violentas do Rio de Janeiro e a milícia tem ganhado espaço nos locais mais pobres do estado. O tema poderia acontecer numa visão adolescente, basta lembrar que a ditadura militar já foi retratada com esse olhar no filme “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias” (2006). Mas não é esse o caso.

Primeiro que o responsável pelas investigações é Marco Rodrigo (Julio Machado), um policial. Segundo que as testemunhas do crime pouco falam do assunto, ou seja, eles só se preocupam com o episódio quando são abordados sobre o tema ou perseguidos por algum miliciano.

Jacobina é um autor que conhece bem a faixa de “Malhação”, seu texto é cheio de humor e os personagens são carismáticos. Esse alívio cômico tira a seriedade necessária que a trama central apresenta. Os núcleos paralelos até conversam com os adolescentes, mas nada que apague a força do eixo protagonista da novela.

Com mais de 50 capítulos no ar, fica nítido o bom trabalho desenvolvido pela produção. O autor, volto a repetir, é um craque e conhece o formato como poucos. Os diálogos são bons e engraçados. A história não teve nenhuma barriga e é extremamente movimentada.

Claro que não dá para ser maluco e dizer que os capítulos apresentados poderiam passar logo após os jornais locais da noite. Seria preciso ajustes, como um vilão desde o início e maior espaço a Rita e Filipe (Pedro Novaes). Mas “Malhação – Toda Forma de Amar”, com uma mexida aqui e outra ali, tem uma premissa para o horário das 19h. O que não tira o mérito da atual temporada ser deliciosa de assistir, o que a torna a melhor novela das sete desde "Cheias de Charme".

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