Visão Panorâmica

Com efeito The Voice, Mestre do Sabor pode ousar mais

Programa culinário seguiu linha positivista


Claude Troisgros de Mestre do Sabor
Apresentador do Mestre do Sabor - Foto: Reprodução/Globo

Mestre do Sabor estreou na semana passada (10) e já foi possível identificar o estilo que o programa seguirá ao longo dos próximos episódios: positivismo. Sim, essa será a palavra da temporada, algo que se tornou frequente em outras produções da Globo ao longo dos últimos anos.

Guiada por Claude Troisgros, muito conhecido pelo público do GNT, a atração veio com status de ser o MasterChef da Globo, contudo, quando as informações do formato foram surgindo, a produção ganhou o apelido de The Voice da culinária. E, de fato, comprovou-se que o programa segue o roteiro da competição musical.

O primeiro ponto é como os participantes são apresentados ao público. Como se fosse um documentário, os competidores narram suas trajetórias profissionais e pessoais. A produção intercala os inscritos sentados explicando os motivos que os levaram a entrar no reality e vídeos/fotos deles trabalhando e se relacionando com amigos e familiares, algo muito parecido com The Voice, Popstar e até as estreias do Big Brother Brasil.

Outro ponto é o caminho escolhido para os jurados e apresentador. Apesar dos chefs serem um pouco mais rígidos do que os técnicos do The Voice, o positivismo está ali. Ah, o positivismo. Tudo precisa terminar com alguma esperança, um sopro de conforto, como se a vida fosse alegre, pra cima.

Claro que é um programa de entretenimento, mas a dureza e um pouco de rispidez pode trazer ao telespectador boas risadas. Por que não mesclar um pouco de positivismo e mau humor?

O The Voice Brasil e o Popstar trilham o caminho da esperança e frases encontradas em pára-choques de caminhões que transportam balinhas de goma. Só comove quem tem ervilha no cérebro. E o que falar da última edição do Big Brother Brasil que buscou participantes para festejar? Não é muita petulância achar que entretenimento é ver um monte de gente em colônia de férias trocando abraços na beira da piscina?

Claro que não é necessário que o Mestre do Sabor, assim com outros programas, forcem situações constrangedoras e desagradáveis atravpes das ofensas, mas uma análise mais aprofundada, uma crítica melhor desenvolvida e até um pouco de impaciência é bem-vinda.

Chefs de Mestre do Sabor são carismáticos

Com efeito The Voice, Mestre do Sabor pode ousar mais

E a Globo tem em mãos três jurados carismáticos. Eles podem fazer com que a emissora ousem um pouco mais com Mestre do Sabor e saía da sua zona de conforto. Quem viu o primeiro episódio do reality, pode ter tido a sensação que estava diante de um monte de cantor sertanejo: Se fechasse os olhos, não encontraria diferença.

Por conta do roteiro muito parecido com os outros realities, ficou a sensação que o Tiago Leifert chamaria Carlinhos Brown para pedir a plateia para levantar e dar o famoso grito “Ajayô”.

Por ser um programa de culinária, e sabemos que há muita pressão num ambiente de cozinha, os chefs podem buscar uma profundidade nas suas análises. Duvido que isso ocorra, mas não custa torcer. O positivismo na vida é bom, só que quando forçado, fica brega e clichê.

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