Opinião

Atuação da Semana: Danton Mello inebria com cores fortes e minimalismo em Garota do Momento

Danton Mello tem sido irresistível em Garota do Momento


Danton Mello como Raimundo de Garota do Momento
Danton Mello brilhou como Raimundo em Garota do Momento - Foto: Reprodução/Globo

Veterano da dramaturgia, Danton Mello tem atravessado as décadas com personagens distintos, mas com um traço comum: a entrega cênica rigorosa e coerente. Em Garota do Momento, seu papel como Raimundo, empresário da noite e figura central em conflitos familiares densos, permite ao ator navegar por uma ampla paleta emocional, e foi justamente na última semana que ele entregou uma de suas atuações mais marcantes na novela das seis.

O núcleo de Raimundo sempre esteve entre os mais complexos da trama. Responsável pela agência de publicidade em que os protagonistas e antagonistas se cruzam o tempo todo, ele representa um homem dividido entre o passado que o condena e o desejo genuíno de reparação. Após meses sustentando a culpa em silêncio, o personagem rompeu o ciclo da omissão em dois momentos centrais que ocuparam a semana: o pedido de perdão ao filho, Roberto (Pedro Novaes), e à ex-mulher, Lígia (Palomma Duarte).

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Danton soube construir o caminho até esses encontros com precisão. A tensão entre pai e filho vinha se arrastando desde os primeiros capítulos, e a recusa do personagem em encarar seus erros dava contornos densos ao relacionamento. No capítulo em que o empresário finalmente admite que afastou Lígia da convivência com o filho, Danton evita arroubos ou reações externas exageradas. Sua força está na contenção: no silêncio que precede a fala, no olhar que foge do filho por segundos antes de encará-lo e, sobretudo, na quebra sutil da voz no instante do pedido de perdão.

A mesma escolha de minimalismo dramático se repete no reencontro com Lígia. A personagem de Palomma Duarte vem sendo construída com firmeza e ressentimento, o que exigia do intérprete de Raimundo um jogo cênico equilibrado. Danton entende isso e não compete emocionalmente com a ex-mulher em cena. Ao contrário: cede espaço, escuta, se permite fragilizar. A troca entre os dois atores — que já dividiram outros trabalhos anteriormente — encontra aqui uma harmonia precisa. Há peso no silêncio entre uma fala e outra, e também na tentativa de Celso de, pela primeira vez, reconhecer os danos que causou.

O momento contrasta justamente pelo fato de que Danton havia construído seu personagem completamente diferente, cheio de arroubos e com tintas fortes. Sempre com um pé no humor, ele conduziu com maestria o momento mais dramático do núcleo e confirmou o seu tamanho como artista.

Esse percurso não apenas enriquece o personagem, como também reafirma a sua importância na engrenagem da novela. Sua atuação estabelece pontes com diversos núcleos: do empresarial ao familiar, do romântico ao trágico, mas foi nessa última semana que ele trouxe à tona o que o Raimundo tinha de mais humano.

Danton não apenas sustenta bem esse momento de virada como se destaca ao emprestar camadas sutis a um personagem que poderia facilmente resvalar no estereótipo do homem arrependido. Em vez disso, apresenta um sujeito atravessado pela culpa, ainda imaturo em alguns aspectos, mas genuinamente disposto a recomeçar.

No cenário em que Garota do Momento se aproxima do desfecho, com resoluções sendo desenhadas para seus personagens centrais, Danton Mello reforça o valor da experiência em cena. A forma como articula o passado e o presente de Raimundo amplia o alcance emocional da história e confirma o ator como um dos pilares afetivos da trama.

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