Opinião

Atuação da Semana: Numa trama caótica, Alessandra Negrini se reencontra e brilha

Atriz está conseguindo ter um bom desempenho na novela Travessia


Alessandra Negrini como Guida na novela Travessia
Guida tem chamado a atenção - Foto: Reprodução/Globo

Travessia já pode ser considerada um fracasso. Não apenas pelos números discretos de audiência, que sofrem para competir com Um Lugar ao Sol (2021), mas também pela baixa repercussão e pelo desempenho aos olhos da crítica e público. Mesmo assim, a novela de Glória Perez tem seus méritos que não podem ser ignorados, como parte do elenco. Alessandra Negrini, que enfrentou um trauma e tanto no horário das 21h, é um exemplo de algumas das qualidades da produção dirigida por Mauro Mendonça Filho.

Na última semana do ano, sua personagem Guida, ganhou destaque a ponto de muita gente pensar que ela virou a verdadeira mocinha. Quem escreve ou fala disso desconhece o estilo de Gloria ao desenvolver uma novela. Todas as suas personagens, entre protagonistas e coadjuvantes, ganham espaço em determinado momento e depois a trama esfria para que outra seja contada.

Se Travessia passa longe de ser um sucesso que todo ator ou atriz gostaria de trabalhar, para Alessandra Negrini parece não importar muito. Dona de papéis inesquecíveis ao longo de sua carreira, a artista praticamente não trabalhou na principal faixa de novelas da Globo. Ela fez uma participação especial em Celebridade (2003), como a verdadeira musa do verão e mãe da vilã Laura (Cláudia Abreu) e depois, foi a protagonista de Paraíso Tropical (2007).

Os papéis das gêmeas Taís e Paula não eram para ela, segundo o próprio Gilberto Braga, autor da novela, que havia escrito para Cláudia Abreu. A titular acabou engravidando e ele recorreu a atriz, que foi muito elogiada por seu desempenho como a vilã, mas massacrada pela composição da mocinha.

Em Travessia, seu retorno à faixa poderia ser triunfal, mas não dá para dizer isso por conta dos inúmeros problemas na história. Porém, Alessandra Negrini soube ignorar as falhas de roteiro e os bastidores conturbados para imprimir uma personagem ao mesmo tempo verossímil e caricata. Guida passa longe de ser uma vilã, embora seja tão sem noção que não percebe quando fere quem ama.

Nos capítulos mais recentes, após decidir se separar de Moretti (Rodrigo Lombardi), a personagem não baixa a cabeça para as ameaças do vilão e o enfrenta de todas as formas possíveis. Negrini vem brilhando a cada sequência, seja no enfrentamento com o colega de cena, ou seja em momentos de desabafo, quase se emocionando. Ela também demonstra inteiro controle de sua Guida quando há explosões de raiva, como na cena em que paga para adolescentes picharem o portão da mansão do ex.

Guida não é uma personagem complexa, ao contrário, é muito artificial. Mas isso não impede que Alessandra mostre seu talento a cada sequência e tenha feito uma construção bastante intensa. É a volta por cima de uma atriz que sempre foi deixada de lado no verdadeiro horário nobre das novelas e que merecia mais espaço ao longo de sua trajetória.

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