Anos Incríveis: A ótima ideia de produzir uma nova versão
Produção vai ganhar um reboot
Publicado em 12/07/2020 às 11:26
Quando a ABC anunciou nessa última semana a intenção de produzir um reboot (nova versão) de Anos Incríveis, pegou muita gente de surpresa, afinal lá se vão mais de 30 anos desde que a obra original foi ao ar nos EUA. Mas num momento em que a TV americana vem lançando mão do recurso de refilmar histórias icônicas (Sabrina e As Panteras para citar duas), a escolha da produção é, talvez, a mais interessante até o momento.
Com o título original de Wonders Years, a série americana foi ao ar entre 1988 e 1993, acompanhando a história do adolescente Kevin Arnold (Fred Savage). Sob o ponto de vista do menino, os episódios mostravam a convivência familiar de uma família de classe média dos EUA no final dos anos 60. Cada uma das seis temporadas aconteceu exatamente 20 anos antes do período em que foi ao ar, ou seja, entre 1968 e 1973.
A série lançou mão de um recurso que fez sucesso em séries cômicas no início deste século, como Todo Mundo Odeia o Chris, com o protagonista, já adulto, narrando a história de quando ele era adolescente. Mas não se tratava de uma sitcom, embora envolvesse bom humor, Anos Incríveis se encaixava muito mais na categoria dramédia, algo como Pé na Cova.
Mesmo com uma forte pegada dramática, que a aproxima de produções mais recentes como Gilmore Girls e até a atual The Kominsky Method, Anos Incríveis venceu o Emmy de melhor comédia logo em seu ano de estreia. Além disso, a série foi indicada mais três vezes, só não garantindo um espaço na lista nas duas últimas temporadas. No Brasil, foi ao ar logo no início dos anos 90 na Cultura, fazendo muito sucesso. Depois, ainda ganhou espaço na Band, no Multishow e na Rede 21.
Quem é da geração dos anos 80 e acompanhou, ainda criança, o desenvolvimento de Kevin Arnold, entrando na adolescência até virar um jovem certamente ficou feliz com a notícia de um reboot. Os mais jovens que, talvez não acompanharam a produção, vão ter a oportunidade de acompanhar uma ideia muito interessante e que foi repetida à exaustão - nem sempre com a mesma qualidade - de uma historia juvenil e feita com muita delicadeza.
As notícias que deram conta da encomenda do projeto e de um projeto piloto para o ano que vem ainda não oferecem muitos detalhes, mas já se sabe que, desta vez, Anos Incríveis acompanhará o cotidiano de uma família negra nos EUA dos anos 60 e vai se basear na vida de um dos produtores. E, talvez a melhor pessoa para oferecer aconselhamentos sobre o projeto, aceitou fazer parte do grupo de produtores, o próprio Fred Savage, que garantiu duas indicações ao Emmy pelo papel principal na história.
Anos Incríveis não cheira mofo, como podem pensar os maldosos e que não gostam do modelo de reboot. É uma série atual e que merece uma nova visão da história. É claro que o cuidado com a delicadeza e sensibilidade do tema não pode ser abandonado e muito menos substituído por militância e panfletagem. A característica da versão original, de mostrar erros, acertos e descobertas de um adolescente, precisam ser mantidos para ser muito mais que uma nova versão, mas uma espécie de homenagem.