Visão Panorâmica

Amor de Mãe tem início promissor e merece atenção

Novela estreou nesta segunda (25)

Regina Casé é uma das protagonistas de Amor de Mãe - Foto: Divulgação/Globo
Por Naian Lucas

Publicado em 25/11/2019 às 22:34:33

Estreou na noite desta segunda-feira (25) a nova novela das nove da Globo. Com assinatura de Manuela Dias, Amor de Mãe entra em cena tendo como principal meta manter a repercussão e o telespectador da sua antecessora, A Dona do Pedaço, e recuperar o prestígio da faixa junto à crítica. Difícil fazer uma previsão, mas pelo primeiro capítulo a produção se mostrou capaz de apresentar um bom produto para o público.

A primeira novela de Manuela chegou prometendo ser revolucionária tanto na condução da história, quanto na direção. Neste início, ficaram claras as verdadeiras intenções da autora e do diretor José Luiz Villamarim. Os dois trouxeram mecanismo que não estamos acostumados nos folhetins.

A narrativa veio cercada de interrupções, como a própria roteirista havia prometido, e sua primeira cena trouxe um depoimento como se estivéssemos assistindo a um documentário – tecnicamente é chamado de mockumentary – que se popularizou com a consagrada série de humor Modern Family.

O público, acostumado com primeira fase para entender a novela, precisou ficar atento com os flashbacks que construíram as trajetórias das três heroínas – Lourdes (Regina Casé), Vitória (Taís Araújo) e Thelma (Adriana Esteves) – sem didatismo e mostrando a imperfeição de cada uma tendo como suas motivações a maternidade.

O castelinho formado para as protagonistas fugiu do tradicional e é o ponto positivo deste início na questão de roteiro. Manuela Dias foi detalhista, não subestimou a inteligência do telespectador e, caso mantenha o nível, sem deixar a coerência da história de lado, tem tudo para ser uma obra de alto nível.

O único incômodo acabou sendo em alguns diálogos. Nada que comprometesse a história, mas o roteiro apostou em frases melodramáticas e houve momentos que passou do tom. Pode ser corrigido.

Direção de Amor de Mãe

Se o roteiro foi impressionante, a direção de Amor de Mãe acabou indo além. Se Manuela Dias usou recursos da tragédia grega e de séries internacionais, Villamarim apostou no cinema, assim como fez em Onde Nascem os Fortes.

Se na supersérie das 23h o diretor acertou em cheio, no primeiro capítulo não decepcionou. Sua ousadia pode entrar para história, desde que consiga manter esse tom. Será que consegue? Vamos torcer!

Os posicionamentos de câmeras foram surpreendentes, evitando closes e permitindo sequências mais longas.

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Elenco de Amor de Mãe

O elenco trouxe Regina Casé e essa mulher é impressionante. Talentosa, pensou em cada detalhe para compor sua personagem, fugindo do maniqueísmo de mulher sofrida e dando profunda humanidade ao papel. Não há chance dela não cair nas graças do público.

Adriana Esteves deixou a vaidade de lado e se entregou a sua personagem. A escolha da sua interpretação é para mostrar que Thelma deixou de lado qualquer pensamento em si e se entregou totalmente ao filho Danilo (Chay Suede). Outro acerto.

Taís Araújo preocupou por pegar um papel parecido com Aruanas, mas ela deu maior rancor e tristeza a Vitória. Esse tom oferece maior nuance para que a atriz possa usufruir quando tiver cenas com maior densidade.

Os outros personagens tiveram poucas oportunidades – exceção a Juliano Cazarré e Luci Alves – e ocorreram algumas irregularidades. A expectativa é que a turma fique afiada e mantenha o nível das protagonistas.

Visão final de Amor de Mãe

Um primeiro capítulo muito bom. Vai manter? Como foi dito acima, difícil prever, ainda mais para uma obra de mais de 150 capítulos. A expectativa é que Manuela Dias e Villamarim coloquem em prática tudo aquilo que planejaram.

É bom destacar que a abertura é muito bonita, mas o corte abrupto da canção de Gonzaguinha incomodou. A trilha sonora, em compensação, casou perfeitamente com a produção.

Que finalmente a gente tenha uma trama das nove de alto nível. O início é promissor e pode quebrar várias barreiras que existem na linguagem das telenovelas brasileiras. Ela precisa ser observada e, caso consiga manter essa mecânica até o fim, merecerá todos os aplausos, pois será revolucionária.

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