Nos 60 anos do golpe

Livro e série de Maria Adelaide Amaral retornam para lembrar o que foi a ditadura militar

Romance Aos Meus Amigos é relançado após 32 anos, meses após resgate de Queridos Amigos no Globoplay

Dan Stulbach, Débora Bloch, Denise Fraga, Guilherme Weber e outros no elenco de Queridos Amigos, minissérie de 2008 - Foto: Divulgação/Globo
Por Walter Felix

Publicado em 29/03/2024 às 05:27:00

A minissérie Queridos Amigos, exibida na Globo em 2008, e o livro que a inspirou, Aos Meus Amigos, lançado em 1992, retornam a público neste ano em que o golpe militar de 31 de março de 1964 completa seis décadas. As obras trazem uma importante lembrança sobre o que foi a ditadura no Brasil, encerrada apenas em 1985.

Inspirada em vivências pessoais, a autora Maria Adelaide Amaral escreveu o romance Aos Meus Amigos, que ganhou nova edição pela Editora Instante, com lançamento em 1º de abril. A história foi adaptada para a TV com a minissérie Queridos Amigos, que chegou em janeiro ao Globoplay.

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Maria Adelaide Amaral adaptou o próprio livro, de 1992, para a TV com minissérie exibida pela Globo em 2008 - Foto: Reprodução

Na minissérie, Léo (Dan Stulbach) descobre que vai morrer e decide reunir o antigo grupo de amigos, que não vê há tempos. A reunião entre eles traz à tona traumas do passado, relacionados às vivências no auge da ditadura militar, além de conflitos pessoais ainda latentes entre eles.

O enredo é semelhante ao do livro, que também não é ambientado no período da ditadura, mas anos depois, mostrando os efeitos dos Anos Chumbo na vida dos personagens, entre outros acontecimentos do fim dos anos 1980, como a redemocratização, o avanço da Aids e a queda do Muro de Berlim.

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De Queridos Amigos, a cena mais emblemática talvez seja a de Iraci (Fernanda Montenegro), que encontra um torturador da época da ditadura e o confronta com o diário de Bia (Denise Fraga), filha dela, que conta com detalhes como foi torturada, espancada e estuprada por dias pelo criminoso.

Há um grande valor histórico nas obras, que adquirem novos significados em 2024. Acompanhado por uma legião de apoiadores, o ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de um inquérito sobre uma tentativa de golpe pela cúpula de seu governo para impedir a posse de Lula, no ano passado.

Não é raro encontrar discursos antidemocráticos de quem apoia a ideia de um golpe de Estado, bem como a defesa dos governos militares de 1964 e 1985. São falas que ignoram os ataques a direitos humanos praticados naqueles tempos, de quem parece desconhecer a história do país.



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