Publicado em 12/01/2023 às 04:53:00,
atualizado em 12/01/2023 às 10:55:32
O BBB 23, que estreia na próxima segunda-feira, 16 de janeiro, tende a ser marcado por um medo que dominou as últimas edições do reality show da Globo: o de ser “cancelado”. Já há alguns anos, anônimos e famosos têm entrado no confinamento apavorados com a ideia de sofrer a rejeição do público, acirrada nos dias de hoje pelas redes sociais.
Há dois anos, Karol Conká se tornou o melhor exemplo do assunto após sua participação no BBB 21. A rapper, de comportamentos controversos no confinamento, deixou o jogo com recorde de porcentagem: 99,17% quiseram que ela saísse do programa. Depois de perder contratos e seguidores, ela só conseguiu retomar a carreira após fazer mea culpa na mídia.
A despeito de posturas que, invariavelmente, gerariam aversão na audiência, a tal “cultura do cancelamento” foi um dos motivo do fracasso da última edição. No BBB 22, muitos competidores preferiram ver sua estada na casa passar em brancas nuvens do que sofrer as consequências de um algum posicionamento mais incisivo.
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Em entrevista ao NaTelinha, o escritor e psicólogo Alexander Bez explica que os participantes que entrarem no BBB 23 devem estar preparados para o que pode vir adiante. Só assim eles tendem a não sofrer com a possível rejeição do público – e se paralisar com tal hipótese. Para isso, contudo, é preciso já entrar no game com alguma estrutura psicológica.
“Para quem absorve mais a cultura do cancelamento, aqueles que têm uma maior sugestionabilidade emocional, prejuízos nesse sentido poderão ocorrer. Sintomatologias psicológicas especialmente lideradas pela ansiedade e depressão são as mais comuns”, comenta Alexander.
O especialista aponta que, nesses casos, uma visita ao consultório poderá ser indicada. “A pessoa tem que perceber por que foi cancelada. Tendo essa noção, poderá sentir menos essa incongruente ação, principalmente quando ela já foi psicologizada, quando já passou pelo processo de análise pessoal, e receberá alta.”
É preciso lembrar que o “cancelador”, aquele que pratica o bullying virtual, o faz em associação às suas próprias frustrações. “Manter a opinião própria é o primeiro passo para a pessoa desenvolver o antídoto contra toda a ‘incongruência tirânica’ da cultura do cancelamento”, destaca o psicólogo.
Em regra, os integrantes do Camarote – grupo do elenco que inclui artistas, atletas e influenciadores digitais – têm mais a perder com a rejeição das redes sociais do que os do Pipoca – formado por anônimos. Contudo, a fama pré-estabelecida pouco difere ao considerar a forma como irão lidar com essa realidade.
“O que irá afetar será basicamente a falta de estrutura pessoal. Quem tem uma posição definida e definitiva já em suas opiniões, e sendo essas inofensivas, não tem o que temer, e nem por que temer algo, muito menos um cancelamento”, comenta Alexander.
Ele acrescenta: “Pessoas com tendências e/ou transtornos de carência e até mesmo de dependência emocional sentem mais o cancelamento, dando uma enorme importância a essa ação existencialmente inconsistente”.
O especialista elenca fatores que movimentam os haters das redes sociais: “Sadismo, frustração, prazer perverso, inveja, intolerância. Há uma sensação de entorpecimento cerebral, pelas altas doses de dopamina que o cérebro descarrega no corpo, dando o prazer em cancelar”.
“Em outras palavras: o cancelamento é um bullying viciante. É como se fosse uma droga e, como todas as drogas, psicanaliticamente falando e psiquiatricamente explicando, têm a função de cobrir as lacunas mentais que se encontraram defasadas e devastadas pela sensação de inferioridade que o cancelador anota em sua esfera mental”, explica Alexander.
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