Coluna Especial

Faustão na Band representa um recomeço para a TV

Fernando Morgado, biógrafo de Silvio Santos e autor do livro Comunicadores S.A., comenta a estreia de Fausto Silva na Band e os reflexos disso para o mercado


Faustão no palco do seu programa na Band sorrindo com os braços abertos
Faustão deixou a Globo e assinou com a Band para fazer um programa diário - Foto: Divulgação/Band
Por Redação NT, com Fernando Morgado

Publicado em 17/01/2022 às 06:24,
atualizado em 17/01/2022 às 09:46

Em janeiro de 2021, eu escrevi aqui no NaTelinha que o término do Domingão do Faustão significava "o início do fim de uma era da TV". Agora escrevo que o Faustão na Band representa o recomeço. Recomeço para o apresentador, para a emissora e para a televisão brasileira.

 É extremamente louvável que uma rede como a Bandeirantes invista tanto em uma nova produção, apesar dos efeitos da pandemia de Covid-19 que se fazem sentir tanto no comportamento da audiência quanto no investimento publicitário. O principal estúdio do canal foi transformado em um auditório com capacidade para mais de 450 pessoas. Outras áreas da sede da empresa, no bairro paulistano do Morumbi, foram reformadas. Cerca de 300 profissionais foram admitidos. Novíssimos equipamentos foram comprados. O rendoso contrato com o Missionário R.R. Soares, que permaneceu 18 anos no horário nobre da Band, foi deixado de lado. Com esses movimentos, todos ganham, a começar pelos telespectadores, que passam a ter uma nova opção, e pelos profissionais de TV, que ganham melhores condições de trabalho.

Chama atenção a primorosa estratégia de comunicação desenvolvida pela Bandeirantes. Enquanto Fausto Silva ainda não podia aparecer na tela do seu novo canal, as bailarinas foram convocadas para o representar, marcando presença tanto no upfront da emissora quanto em atrações como o Melhor da Tarde. A repercussão disso nas redes sociais foi grande, imediata e orgânica.

A avant-première no réveillon foi outra jogada magistral. A entrada de Faustão exatamente um minuto após o fim do seu contrato com a Globo teve a pompa que a situação exigia. E o retorno veio: apesar não ter tido qualquer chamada no ar e contando apenas com a repercussão na Internet, o Viradão do Faustão fez a Bandeirantes flertar com o terceiro lugar de audiência. Já no YouTube, não tardou para que o programa acumulasse um milhão de visualizações.

Fernando Morgado

Merecem destaque também a extensa série de reportagens especiais assinada por Gilberto Smaniotto para o Jornal da Band e o bom uso feito das rádios da família Saad. Além de terem transmitido o Viradão do Faustão em cadeia com a TV, as estações executam jingles extremamente bem gravados e mensagens do apresentador durante os intervalos. Tantas ações garantiram relevante espaço na mídia para o novo programa, mesmo em meio a expectativa em torno da vigésima segunda edição do Big Brother Brasil, o maior reality show do mundo.

Faustão na Band terá desafios

A pergunta que fica é: tanto dinheiro e esforço darão resultado de hoje em diante? Ainda é cedo para saber. O Perdidos na Noite, por exemplo, fez sucesso justamente por transformar a falta de recursos em trunfo. Tudo depende da meta de audiência que a Band estabelecer, dos conteúdos que a equipe de produção desenvolver, dos movimentos que a concorrência (direta e indireta) fizer e daquilo que o público escolher. De qualquer modo, uma coisa é certa: a emissora parece fazer, e bem, a sua parte.

Neste momento tão desafiador para a humanidade em geral, e para o Brasil em particular, a TV deve cumprir, com eficiência e equilíbrio, duas de suas funções mais importantes: informar e entreter. Ao contrário do que muitos intelectuais apregoam por aí, diversão popular não necessariamente significa alienação. É inadmissível que ainda existam pessoas incapazes, mesmo em meio a uma pandemia, de reconhecer a importância da distração para a saúde física e mental. E é exatamente isso que o Faustão, assim como tantos outros artistas, oferece: distração.

Por fim, cabe um alerta. Existe algo que apenas os bons programas de auditório possuem: a presença de um público verdadeiramente espontâneo, daqueles que deixa de ser mero espectador e se transforma em protagonista do show, despertando a empatia da audiência de casa. Isto não pode desaparecer. Televisão só faz sentido quando o povo se faz presente.


Sobre Fernando Morgado - Consultor e palestrante. Professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso. Membro da Academy of Television Arts & Sciences, entidade realizadora dos prêmios Emmy. Possui vários livros lançados no Brasil e no exterior, incluindo Comunicadores S.A. (2019) e o best-seller Silvio Santos - A Trajetória do Mito (5ª edição em 2017). Foi coordenador adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM. Site: fernandomorgado.com

 

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