Influenciadores nas novelas representam um risco de extinção da profissão de ator
Coluna Especial deste domingo (08) é assinado pelo empresário Marcus Montenegro
Publicado em 08/12/2024 às 07:40
Influenciar é compartilhar nas redes sociais com pessoas interessadas no seu nicho de atuação. A profissão dos influenciadores veio para ficar! Legítima, honesta e rentável. Em um país onde a educação nunca foi prioridade, essa profissão cai como uma luva e tem mudado o comportamento do consumidor na busca por produtos.
Na maioria das vezes, trata-se de pessoas anônimas que se tornam famosas, alcançam estabilidade financeira e obtêm certo poder em um curto espaço de tempo. O público, contudo, enfrenta dificuldade em distinguir as novas celebridades dos artistas formados. A profissão de influenciador permite que qualquer profissional usufrua do poder digital, potencializando seu conhecimento e rentabilizando seu negócio.
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No entanto, a fama e o poder dessa nova profissão não podem e não devem deturpar uma das profissões mais antigas do mundo: a de ator, que exige muito estudo e talento. No passado, modelos tornaram-se atores? Sim, mas em tempos em que não éramos influenciados por números e algoritmos com o poder de moldar a audiência. Um ator pode ser influenciador? Claro, assim como qualquer pessoa, com ou sem formação profissional. Um influenciador pode ser ator? Sim, desde que estude e se forme para tal, como um direito adquirido. Se a entrega artística será boa, isso é outra questão.
Profissão de ator em risco
Onde está o problema? Na concessão de espaço no mundo da atuação para profissionais sem DRT ou sem qualidade artística, apenas devido ao poder digital. Se não formos criteriosos e rigorosos agora, corremos o risco, em curto prazo, de levar a profissão do verdadeiro ator à extinção. Afinal, por que estimular o estudo e a formação para obter o DRT se, muitas vezes, é o próprio mercado que danifica o sistema ético de escalação?
Apresentadores, jornalistas e atores têm perdido cada vez mais espaço para os influenciadores, e é necessário cobrar coerência de quem tem o poder de contratação. Onde vamos parar? O futuro torna-se cada vez mais incerto. Com a crise no setor audiovisual, todas as escalações precisam ser preservadas com o máximo de critério. Não podemos desestimular as boas escolas de artes, que formaram a maioria dos grandes nomes do cenário artístico nacional.
Ser influenciador não é SER ARTISTA! Para adquirir esse título, é necessário trilhar o mesmo caminho que qualquer ator e buscar a formação. A legislação deve prevalecer em um mercado já tão sacrificado pela falta de regulação e critérios em diversos setores. Se os compliances estão mais complexos e rigorosos, algo essencial para a organização e crescimento do mercado, devemos seguir o princípio fundamental: a ÉTICA. É preciso parar de contratar talentos sem DRT e de tornar o mundo da atuação refém do número de seguidores.
Marcus Montenegro é empresário da Montenegro Talents e atua no mercado há mais de 35 anos, com um elenco de talentos que já ultrapassa 300 contratados, incluindo atores, autores e diretores. Considerado um dos mais renomados profissionais da área, em sua palestra "Ser Artista em a arte salva, Cura, Educa e Resiste", ele apresenta todas as etapas e cuidados que um artista deve adotar para construir uma carreira a mais próspera possível.