Publicado em 09/08/2018 às 06:30:12
A novela "Carrossel", que voltou ao SBT na última segunda-feira (6), chegou cercada por críticas e opiniões contrárias à sua reexibição, inclusive pelo respeitado colunista Thiago Forato, deste NaTelinha.
Contudo, como contraponto, os argumentos de quem critica a terceira reprise da novela não me parece analisar questões essenciais a qualquer empresa em tempos de crise.
Primeiro é preciso ressaltar que, no Brasil, criou-se o termo “enlatados” para designar produtos prontos, adquiridos para a programação das emissoras, como filmes, séries, programas e novelas importados de outros países que, antigamente, chegavam ao país acondicionados em latas, daí o nome.
Os “enlatados” sempre foram associados a produtos de baixo custo que produzem resultados satisfatórios em audiência, sem comprometer no quesito faturamento, um tripé perfeito a qualquer emissora: custa pouco, vai bem no Ibope e lucra bem.
A atual crise do país e o aumento do dólar em relação ao real tornou esse tripé uma falácia. Já não é mais tão barato comprar filmes, novelas e séries, pois estes são pagos em dólar, logo, custam, na cotação de hoje, 3,77 vezes mais do que custavam quando dólar e real estavam equiparados.
Embora a audiência continue bastante significativa, a crise fez com que o faturamento das emissoras sofressem perdas consideráveis, o que, aliado ao aumento dos custos para exibição, tornou o produto menos atraente aos olhos do SBT.
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Com todo esse cenário, é natural que o canal de Silvio Santos passe a olhar com mais carinho para o próprio acervo, que tem títulos memoráveis e capazes de audiências tão ou mais significativas com custos relativamente mais baixos e contando com a possibilidade de faturamento extra com licenciamento de produtos, por exemplo.
"Carrossel" foi o principal título do SBT nesse sentido. A trama, que marcou a estreia da emissora na produção de novelas para o público infantil, tem um tempo de duração respeitável, custos de exibição ínfimos, uma vez que já foi paga nas outras exibições, público cativo (deu 8,9 pontos na reestreia) e ainda permite reviver produtos vinculados à trama, fortalecendo ainda mais o caixa.
O SBT já tentou, em outras oportunidades, manter reprises de novelas adultas nas suas tardes, porém, o acervo da emissora possui complicadores quando se fala em títulos com expressiva audiência - "Éramos Seis", por exemplo, não pode ser exibida pois seus direitos foram vendidos pelo autor à Globo.
Resta à emissora a reprise de novelas advindas da parceria com a Televisa ("Pícara Sonhadora", "Marisol", "Maria Esperança", "Pequena Travessa", entre outras), já reprisadas mais de três vezes e cujos resultados de audiência não se equiparam aos alcançados pelas produções inéditas mexicanas.
É compreensível que fãs de novelas mexicanas desejem ver mais títulos inéditos (especialmente os recentes) exibidos nas telas das TVs brasileiras (tradicionalmente, o SBT é o principal cliente do produto), mas também é necessário fazer uma leitura de momento.
Com relação ao “loop de infantis”, colocado pelo Thiago Forato em sua coluna, não creio ser um problema. O público infantil é altamente rotativo e, como as novelas possuem longa duração, a criança que viu a primeira exibição provavelmente não será a mesma que verá essa terceira. É um público em fase de crescimento e a transformação é rápida, o que confere às reexibições de "Carrossel" o ar de novidade.
Diferente da primeira reprise logo após o fim da exibição inédita em 2013, que julguei precipitada, não vejo desvantagens dessa vez. Vale lembrar que o SBT produziu alguns títulos infantis desde o início da era das infantis: “Carrossel”, “Chiquititas”, “Cúmplices de um Resgate”, “Carinha de Anjo” e, agora, “As Aventuras de Poliana”. Todas com um tempo de duração maior que um ano, o que confere às tramas um ar de ineditismo, devido à rotatividade do público-alvo.
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