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A contradição política que atinge o SBT de hoje

Emissora exibe alertas sobre a reforma da Previdência após encontro entre Silvio Santos e Michel Temer


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Fotos: Divulgação
Por Redação NT

Publicado em 26/04/2017 às 15:02,
atualizado em 16/09/2021 às 15:49

A semana que passou foi agitada nos corredores do SBT. Além da operação da Polícia Federal para colher informações acerca da venda do banco Panamericano, então braço financeiro do Grupo Silvio Santos, para a Caixa Econômica Federal, também houve um encontro entre Silvio Santos e o presidente Michel Temer.

O fato é que, após a reunião, o SBT começou a soltar institucionais defendendo a reforma da Previdência, com ameaças à população, de acordo com a linha das peças de publicidade veiculadas por governo e PMDB.

 

Que a reforma da Previdência é necessária e inevitável, de muito tempo se sabe, mas também é sabido que tentar impor à população, na base da chantagem, uma alteração bastante dura e que carece de amadurecimento, demonstra, no mínimo, falta de traquejo no trato.

O curioso é uma emissora de televisão, cujo proprietário não mais permite que seus contratados tratem assuntos políticos, fazer um institucional defendendo uma reforma que, da forma como está posta, é bastante lesiva aos trabalhadores.

O SBT notabilizou-se por dizer não influenciar na política, entretanto, volta e meia aparece com uma novidade no campo político, seja um programa pra mostrar a semana do presidente, seja institucionais simpáticos com os dizeres “com crise se cresce”, seja para subir o tom e ameaçar seus telespectadores com “Você sabe que se não for feita a reforma da Previdência você pode deixar de receber o seu salário?”.

 

Os gritos de “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” não atingem a outras emissoras que agem da mesma forma, ou até pior, na defesa dos interesses dos políticos, muitas vezes contrários aos interesses da população que os elege.

Silvio Santos, que nos brindou com atitudes gigantes, quando ao dar suas empresas como garantia e tomar empréstimo (de instituição privada) para salvar da falência o banco Panamericano, também nos surpreende com atitudes desnecessárias, como defender uma reforma que sequer foi proposta à população.

Ao entrar nesse assunto e no clima bélico deflagrado por um governo ainda despreparado para dialogar com o povo, Silvio Santos caminha por um terreno perigoso, minado, e que pode lhe tirar parte da reputação que construiu a duras penas.

Ao se posicionar como um “chantagista”, o SBT perde um pouco da imagem de emissora simpática aos menos favorecidos e passa uma imagem de emissora que se alinha a poderosos em detrimento dos brasileiros. Um caminho perigoso em dias de guerra entre políticos e população.

É preciso, sim, discutir e aprovar uma reforma da Previdência, mas sem chantagens, sem medo, sem problemas. O próprio SBT poderia discutir, de forma didática, inteligente e elucidativa as propostas do governo e até onde seria possível baixar a pedida da equipe econômica para que a reforma fosse eficiente, mas sem penalizar tanto o já sofrido trabalhador.

 
Helder Vendramini é formado em Rádio e TV e pesquisa esse meio há vários anos. Aqui no site, busca fazer análises aprofundadas dos mais variados temas que envolvem a nossa telinha.

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