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Apoio irrestrito ao governo Bolsonaro e grade flutuante atrapalham SBT

Silvio Santos coloca em risco não só sua própria imagem, mas todo o seu império


Jair Bolsonaro sorrindo e Silvio Santos sério
Foto/montagem: Reprodução e Alan Santos/PR

Que o apoio incondicional da família Abravanel ao cada vez mais impopular governo Bolsonaro está se refletindo na imagem das empresas do Grupo Silvio Santos, é inegável. Em tempos de ódio, o empresário/apresentador deveria ter percebido que a melhor solução é manter um nível de distanciamento aceitável de qualquer parte e, principalmente, evitar remar contra o que já se torna uma expressiva maioria entre o povo.

Ao aliar-se e tornar-se fiador de um governo que aparenta desapreço pela vida humana, Silvio Santos colocou todo o império construído na linha de frente de uma guerra que, aparentemente, não lhe trará bons frutos em um futuro próximo. Como se não bastasse a aliança a um governo que sofre para manter-se no poder, Silvio Santos resolveu atacar sua emissora em outra frente. Mudanças na grade de programação são feitas a todo e qualquer momento, sem planejamento, sem aviso prévio, sem conhecimento sequer de seus funcionários, muitas vezes.

O SBT se autointitula a TV mais feliz do Brasil, mas fica difícil manter essa felicidade trabalhando cada dia em um horário, cada dia com uma equipe, cada dia com uma pauta diferente. Se para os profissionais é complicado, imagina para o público que, por não saber quando e se a atração que gosta será exibida, acaba por desistir de tentar acompanhá-la.

Ser telespectador da emissora de Silvio Santos é uma façanha. A cada dia uma surpresa, a cada dia um produto novo, um horário novo, uma invenção mirabolante nova. A grade da televisão vira um grande balão de ensaio, com testes de público que seriam menos dispendiosos se feitos por meio de uma simples pesquisa.

Apoio irrestrito ao governo Bolsonaro e grade flutuante atrapalham SBT

Às vezes passa a impressão de que as quedas são propositais, como forma de fortalecer a concorrência. Parece loucura, mas é exatamente essa loucura que emana das decisões do dono da terceira maior emissora do país. Outrora, tal atitude foi frutífera para a Record. Em fase de grandes investimentos, a emissora da Barra Funda soube se aproveitar das brechas criadas pelo Patrão e assumiu a vice-liderança em audiência no Painel Nacional de Televisão (PNT), como a Kantar Ibope trata a medição de audiência nas principais praças do país.

A situação atual acontece de forma semelhante, mas desta vez a concorrente é uma emissora bem menos endinheirada e que apenas têm feito um arroz com feijão bem temperado: a Band. A distância de audiência entre as duas TVs, outrora bastante considerável, foi reduzida nos últimos dias, com o SBT caindo de forma significativa em vários períodos e a Band estabilizando a sua grade e começando a ganhar força.

Se, com seus 59 anos de carreira em televisão, Silvio não precisa provar nada no campo do entretenimento, já que todos sabem que o animador domina o palco como ninguém, faz seu show de forma magistral e tira de letra críticas (fundadas ou não) à sua conduta, o mesmo não acontece quando o apresentador ataca de diretor de programação.

Ao mostrar-se fora de sintonia com significativa parte de seu público, Silvio coloca em risco não só sua própria imagem, mas todo o império que levou anos para ser construído.

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