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Fim do Esporte Interativo indica regressão do esporte na TV paga


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Divulgação

A Turner, empresa multinacional responsável pela programação de canais como TNT, Space e Esporte Interativo, anunciou nesta quinta-feira (09) a descontinuidade das operações da marca esportiva nas operadoras de televisão de todo o país.

Como efeito, Esporte Interativo 1 e Esporte Interativo 2 deixam o line-up em 40 dias, como forma de respeitar a lei vigente, que determina 30 dias para anunciar a saída de um canal dos pacotes.

O rompimento do contrato com as operadoras e a ainda obscura migração para o meio digital tem reflexos imediatos na composição da televisão por assinatura e da televisão esportiva no Brasil.

Desde a entrada do Fox Sports no país, em fevereiro de 2012, o duopólio Globo/Disney se viu realmente ameaçado por uma marca que, apesar de nova, traduzia uma empresa multinacional com forte atuação no segmento esportivo e tradição na exibição de grandes eventos.

De imediato, o Fox Sports trouxe para sua grade a Copa Libertadores da América, o Campeonato Italiano, o Campeonato Argentino e eventos que faziam parte do pacote de automobilismo do Speed Channel, ao qual sucedeu.

Tal configuração posicionou o canal entre os grandes de imediato, o que fez Globo e ESPN se mexerem para não perder terreno.

Alguns anos mais tarde, com o lançamento de seu segundo canal, o Fox Sports se consolidou como a terceira via, preenchendo um vácuo entre as concorrentes, com estruturas e linguagens mais rígidas.

Tivesse o Esporte Interativo adentrado esse meio nos idos de 2013, quando começou a movimentação de venda do canal para a Turner, certamente teria surfado na onda do Fox Sports e se consolidado como um concorrente de peso no line-up das operadoras, mas a entrada do canal na PayTV demorou e só foi concretizada em 25 de julho de 2015.

De lá pra cá, com uma linguagem mais jovem e muita força nas redes sociais, o canal tentou se estabelecer como uma opção aos demais, contudo, a própria linguagem jovial e a falta de eventos atrativos acabaram por sabotar os planos da emissora.

As maiores aquisições do Grupo Turner foram alguns clubes do Campeonato Brasileiro de 2019 a 2024 e os direitos da UEFA Champions League de 2015 a 2018, que foram renovados para o triênio 2019-2021. No mais, eventos de menor expressão preenchiam a grade do EI.

O lançamento de dois canais com alto custo e apenas um grande evento se mostrou um erro estratégico da emissora, pois, além de possuir numericamente menos audiência (teve que abrir alguns jogos para transmissão de TNT e Space para poder cumprir o contrato), também ficou restrito a poucos horários de programação competitiva.

Diante desse cenário e em um momento em que a realidade poderia ser, ao menos, amenizada pelo advento de um novo torneio importante, eis que o Esporte Interativo joga a toalha, deixa a PayTV e a Turner inaugura o conceito de “canal aberto na TV paga”, com TNT e Space deixando de ser segmentados para tentar capturar diversos públicos.

Em paralelo, outra negociação vai mexer com o mercado de transmissões esportivas no Brasil. A compra da Fox pela Disney respingará nos canais Fox Sports, que poderão ser vendidos ou incorporados à estrutura da ESPN, em movimentos que podem trazer mais baixas para o segmento.

Com todas as movimentações dos últimos anos, será curioso se, após seis anos de intensas transformações, o mercado da TV paga volte a ser exatamente o que era antes delas começarem: uma grande disputa entre Globo e Disney.

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