Enfoque NT

Streamings canibalizam canais lineares com estratégias agressivas e futuro preocupa

Opções, promoções, e muito conteúdo: TV a cabo perde força


Pessoa apertando controle remoto
Streaming vem golpeando TV por assinatura - Foto: Ilustração
Por Thiago Forato

Publicado em 08/04/2022 às 05:05,
atualizado em 08/04/2022 às 21:07

Vivemos a era de ouro do streaming. Ninguém duvida que estamos no auge das opções, plataformas, sempre seduzidos por preços abaixo e vantagens, principalmente em relação aos canais lineares de TV por assinatura, que já foram sonho de consumo da classe média nos anos 90. Mas, é inegável que ao fim desta década, tenhamos um retrato bastante diferente do atual.

No ano passado, a Anatel mudou a metodologia de acompanhamento do mercado de TV paga com menos transparência nos dados da base de assinantes deste universo. Ela passou a considerar no seu relatório mensal que os usuários com pacotes mais livres - sem mensalidades fixas, por exemplo -, no meio dessa contagem e embaralhou tudo. Ninguém mais sabe ao certo quantos assinantes as operadoras possuem.

Mas, o fato é que o modelo dos grandes streamings como da Disney, Warner e Discovery (que agora se fundiram) vem canibalizando o próprio negócio, que hoje é menos lucrativo e interessante: o dos canais lineares. A Disney já retirou quase todos os seus, a Warner vem fazendo promoções agressivas da HBO Max e colocando lá seu "filé", sem precisar fazer com que o assinante passe pelo intermediário da operadora e a Discovery só vem exibindo conteúdo velho em seus canais, deixando suas grandes produções no streaming.

Por mais incrível que possa parecer, executivos com quem conversei sobre o assunto e até entrevistei para o NaTelinha veem futuro na velha TV paga. Se eles acreditam mesmo nisso eu não sei. É bem verdade que a Sony e a Universal, por exemplo anunciaram novos canais lineares recentemente, mas creio que seja questão de tempo para que haja o início de novas plataformas. Nos Estados Unidos, a Universal mantém o Peacock.

Qual a atratividade na TV paga?

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Com ofertas agressivas de combo e promoções acachapantes, não resta muito para a tradicional televisão por assinatura. A disponibilidade instantânea dos próprios canais lineares no caso do Star+ (por enquanto, com eventos ao vivo) atrelado aos infinitos conteúdos que o conglomerado Disney consegue proporcionar, torna estupidez manter um pacote robusto nas tradicionais operadoras, por exemplo.

Não existe uma estratégia desses conglomerados para não matar seu próprio negócio da TV. Não há programação complementar, exclusiva ou nada sequer. As grandes estreias e os melhores programas já estão lá prontinhos no streaming, para quem quiser ver.

Em vez de projetar uma ideia para proteger a TV paga e seus assinantes, como exibir conteúdo em janela para ela por vários meses antes de movê-lo para o streaming, como a Paramount fez com o hit Yellowstone, nos Estados Unidos, as redes optaram por simplesmente transferir os ativos da TV para o streaming o mais rápido possível. Algumas vezes, é só lá mesmo que você vai encontrar, como em alguns jogos de futebol. O assinante do tradicional cabo que não quer saber de ter o tal streaming fica desolado.

No entanto, é claro que exista quem não goste de ficar buscando o que assistir como em uma locadora. Quer apenas sentar, ver o que está passando e relaxar. Mas, esse público está diminuindo consideravelmente e a tendência é que esse tipo de hábito conheça a escassez.


Thiago Forato é jornalista, assina a coluna Enfoque NT desde 2011, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Forato também é autor do blog https://parlandodepalmeiras.com.br. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto

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