Enfoque NT

Volta de Silvio Santos mostra como programas de auditório "raiz" caminham a passos largos para o fim

Silvio Santos é a personificação da lembrança do que a TV já foi um dia


Silvio Santos na volta de seu programa rindo com braços abertos
Programa Silvio Santos é o último dos moicanos na TV - Foto: Divulgação/SBT

De volta há uma semana no comando de seu dominical de quatro horas no SBT, Silvio Santos se mostrou meio enferrujado na primeira parte do programa nessa sua retomada. Ainda com a voz um pouco esquisita, demonstrou raciocínio mais lento, memória confusa, mas depois deslanchou e continua tendo uma presença de palco e condução do show impressionante. É o único programa de auditório de verdade atualmente no ar na televisão brasileira.

Neste domingo (8), apresentará seu programa de pijama e chamará um documentário ainda inédito, produzido em 2015 por Leonor Corrêa, para homenagear seus 85 anos de idade. Homenagem esta que não foi exibida antes por superstição ou por não querer se promover. Todas elas são merecidas àquele que é o último dos moicanos na televisão, nos brindando com um produto que entrou em extinção.

O programa de auditório como conhecemos nos anos 70, 80, 90 e 2000 não existe mais. Todos os grandes nomes se renderam aos formatos. O próprio Domingão do Faustão (1989-2021) que terminou há dois meses, se mostrava extremamente engessado há tempos com quadros fixos que se revezavam entre si. Embora existisse alguma rotatividade, é fato que em nada lembrava os áureos tempos, basta observar as reprises que o Domingão exibiu nos primeiros meses de pandemia.

O sobrevivente Silvio Santos

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Não que não soubéssemos, mas Silvio Santos é capaz de mostrar em poucos minutos a diferença de um programa de auditório e um programa com auditório. A presença de plateia em atrações como de Eliana, Rodrigo Faro, Luciano Huck, Celso Portiolli e até do próprio Fausto Silva virou artigo de luxo, plenamente dispensável.

No PSS, o auditório é capaz de fazer a diferença e certamente por essa razão é impensável fazê-lo sem a presença dele. O Homem do Baú precisa das "colegas de trabalho". É o maior combustível, ainda que ele pudesse ser eliminado em alguns quadros.

Se deleitar com as reprises clássicas do Show do Milhão, Qual é a Música?, Show de Calouros, Domingo no Marque e em Nome do Amor serviu, por um lado, para mostrar a razão de Silvio Santos ser o maior animador que este país já viu. Talvez, que o mundo já tenha visto. Com sua volta, serviu para atestar o que já era óbvio.

A nós, meros mortais, resta desfrutar da possibilidade de ter um programa como de Silvio Santos no ar. O único remanescente de programas de auditório de verdade como conhecemos. No alto dos seus 90 anos e esbanjando saúde, o que mais podemos desejar é realmente saúde, para que ele possa continuar nos brindando com a lembrança de como a TV já foi um dia. E isso em pleno 2021, 2022... Que venham mais anos.


Thiago Forato é jornalista, assina a coluna Enfoque NT desde 2011, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Forato também é autor do blog https://parlandodepalmeiras.com.br. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto

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