Enfoque NT

No Limite termina como rascunho daquilo que já foi um dia

Quarta temporada não empolgou e termina sem deixar saudades


André Marques comandando prova do No Limite
André Marques pouco despertou nos participantes - Fotos: Reprodução/TV Globo

O No Limite termina nesta terça-feira (20) depois de 11 episódios e sem deixar saudades. O reality que agora é comandado por André Marques, foi um grande fenômeno entre 2000 e 2001 quando ainda era apresentado por Zeca Camargo, mas provou que não envelheceu tão bem. Sem emoção, conflitos atrativos ou torcidas engajadas, o programa valeu para a emissora por seu sucesso comercial, mas não pelo apelo.

O reality já havia tido uma temporada apagada em 2009, e sua volta naquele ano já deu sinais que a fórmula teria que ser revista. Agora, a Globo apenas relançou o No Limite cuja maior novidade eram os participantes: todos eles ex-BBBs. De resto, se revelou um formato anacrônico e sem muito a acrescentar.

Ao contrário do BBB, que se modernizou ao longo dos anos (basta ver as reprises no Viva) e inseriu novos elementos para que a dinâmica fosse melhorada, o mesmo não pode se dizer do No Limite. Com um apresentador desanimado e sem brio como André Marques, o reality conseguiu decepcionar desde os fãs mais ávidos daquele que foi o primeiro reality no Brasil até aqueles que esperavam ver desdobramentos de conflitos de BBBs anteriores ou que estavam ansiosos por novos.

Em suma, o programa que voltou com toda a pompa 12 anos depois provavelmente desagradou gregos e troianos. Sua audiência caiu a cada terça-feira e até agora acumula uma média de apenas 17,6 pontos na Grande São Paulo. Não perdeu a liderança, mas perdeu a graça, a dinâmica e o interesse do público.

As decepções do No Limite

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A primeira grande decepção do No Limite realmente foi um elenco formado pela maioria de ex-BBBs 18. Dos 16 escolhidos, seis foram daquela temporada. Com personagens tão mais interessantes, parece não ter havido muito critério na seleção (ou o critério foi ter participado do BBB18?). Para piorar, o primeiro episódio não teve nenhuma apresentação deles. Tudo começou como se tivéssemos perdido alguma parte importante. Pareceu que o bonde já estava andando.

O que se sucedeu, no entanto, fez que isso se tornasse o menor dos problemas. Um programa que já teve provas memoráveis e ralação de verdade, conseguiu se transformar em um BBB no deserto. Provas menos interessantes, mal elaboradas e muita colher de chá. Não à toa o pessoal das primeiras temporadas estranhou o fato da produção pegar tão leve com os competidores. Houve muitas regalias e até show de Wesley Safadão. Por questões comerciais, até cerveja foi oferecida. 

Para tentar "dar mais", a Globo optou por colocar uma entrevista do eliminado no domingo depois do Fantástico. A tentativa até foi válida, mas o resultado também deixou a desejar. Depois do participante já ter passado por Ana Clara e até o Encontro, aparecer cinco dias depois de dar adeus tornava a conversa fria e sem nenhuma novidade.

O fato de ser semanal realmente pode ter pesado para o desinteresse. Provavelmente muito material interessante foi para o lixo, já que é impossível condensar tanto conteúdo em 10 ou 11 episódios. Os conflitos ali existentes pouco despertaram no público. Não havia espaço pra nada. Aquele No Limite do ano 2000 encantou pelo ineditismo e também pelos conflitos entre os participantes que eram melhor explorados.

Sem novidades, o formato foi só ladeira abaixo, a ponto de ter tido sete anos de hiato. E depois, 12 anos. Talvez agora não chegue a tanto. Embora o No Limite tenha tido um desempenho e uma repercussão aquém do esperado, comercialmente o reality foi um estouro e deve retornar em 2022.

Evidentemente, o desempenho do apresentador não é primordial para o fracasso ou sucesso de um reality como esse, mas André Marques jogou fora a chance de se firmar como apresentador e mostrar uma versão diferente daquele almofadinha à frente do The Voice Kids ou do É de Casa. André sempre se mostrava desanimado, cansado, parecendo que tinha enfrentado provas que o telespectador não viu nos seus aposentos no Ceará. Ele também pouco (ou nada) provocou os participantes, tentando extrair alguma coisa diferente ou inusitada.

A única mudança positiva do No Limite foi o dia de exibição. Domingo depois do Fantástico estaria escondido demais, o que talvez não seria tão ruim depois de uma temporada bastante controversa e pouco sedutora. 


Thiago Forato é jornalista, assina a coluna Enfoque NT desde 2011, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Forato também é autor do blog https://parlandodepalmeiras.com.br. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto

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