Enfoque NT

Na contramão dos rivais, SBT dá espaço a filmes clássicos e mostra que gênero sobrevive

Emissora comprou 35 títulos de Os Trapalhões


Elenco de Os Trapalhões
Quarteto de Os Trapalhões vai bater ponto no SBT - Foto: Divulgação
Por Thiago Forato

Publicado em 29/05/2021 às 08:23,
atualizado em 29/05/2021 às 17:11

O SBT surpreendeu ao anunciar a compra de 35 filmes de Os Trapalhões. O grupo humorístico que marcou uma geração e foi um fenômeno na Globo terá grande parte de seus títulos exibidos nas sessões de cinema da emissora de Silvio Santos, que vinha deixando os longas de lado na programação, sobretudo os clássicos, principalmente depois do fim do Cine Belas Artes (2001-2017).

Sem grandes investimentos no setor desde que a Warner deixou de ser sua parceira, o SBT vem garimpando títulos de produtoras menores para abastecer suas sessões de cinema. Atualmente, até o Cine Espetacular foi "escanteado", já que as terças-feiras têm a Copa Libertadores da América como grande protagonista. De fixo mesmo, restou a Tela de Sucessos, no ar desde 1997.

A compra do SBT surpreendeu por uma série de fatores. Afinal de contas, Os Trapalhões e Globo são sinônimos. Além disso, em tempos de 4K, o canal recorre a clássicos do cinema nacional para reforçar sua programação, que vão desde os anos 60 até o final do século XX. De quebra, os longas estrelados pelo quarteto Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum (1941-1994) e Zacarias (1934-1990) ainda detêm uma das produções mais vistas do cinema brasileiro.

Se vai dar audiência, em poucos dias saberemos. Mas o buzz que isso já causou e a exposição de produções, que se não fosse o SBT, estavam no esquecimento ou ostracismo, já é uma grande vitória. A princípio, o horário não é tão ruim. A Tela de Sucessos está no ar há 24 anos e tem um público fiel, ainda que menor a cada ano que passa. Curiosos e nostálgicos devem bater ponto. Vamos ver se haverá a criação de uma nova sessão ou se a sexta-feira deve se tornar uma "Sessão dos Trapalhões".

O gênero continua vivo na TV aberta

A aquisição vai na contramão dos concorrentes como Globo, Record e Band. A primeira não possui mais sessões destinadas aos clássicos. A Sessão de Gala foi rifada da grade há dois anos, sendo substituída pelo Cinemaço e estava no ar desde 1976 e exibia longas com uma carga dramática mais forte, mas não se restringia a um gênero, mostrando diversos outros que tenham sido premiados e dança espaço também aos produzidos fora dos Estados Unidos.

A Record não costuma dedicar espaço aos filmes clássicos. E a Band, que mantinha o Cine Band Clássicos, também deixou de dar espaço a eles. O próprio SBT já havia tirado da programação seu Cine Belas Artes, que exibia longas menos comerciais da Warner e Disney no início dos anos 2000 e grandes festivais.

Ainda que estejamos na era de ouro do streaming com filmes a perder de vista e assinaturas relativamente acessíveis, eles continuam sendo um filão atraente para a TV aberta. Em menor escala, é verdade. Não existe mais briga pelos melhores contratos, mas compras mais cirúrgicas e pontuais como essa que o SBT fez, provando que o gênero vive. E sobrevive muito bem.


Thiago Forato é jornalista, assina a coluna Enfoque NT desde 2011, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Forato também é autor do blog https://parlandodepalmeiras.com.br. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto   

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