SBT Rio 20 anos

O dia-a-dia do jornalismo em um violento Rio de Janeiro na visão de diretor do SBT Rio

Diego Sangermano é diretor de jornalismo, artístico e programação do SBT Rio


Diego Sangermano e Isabele Benito
Diego Sangermano ao lado de Isabele Benito, âncora do jornal SBT Rio - Divulgação

* Por Diego Sangermano, diretor de jornalismo, artístico e programação do SBT Rio, especial para o NaTelinha


5 horas da manhã. Acordei. Celular na mão conferindo como foram as últimas quatro horas no Rio de Janeiro. Sim, porque só consegui dormir a 1h da manhã depois de ver que estava tudo certo com o factual da madrugada. Abre WhatsApp, twitter, agências de notícias, liga a TV... Ufa, o Rio está calmo. Estranho, muito estranho.... Opa, alguém ligando.

"Alô? Oi Debora, que isso, não me acordou não, diga aí. Tiroteio grande na CDD? Fecharam a Linha Amarela?  Espera aí, vou ver se escuto aqui de casa! Acha que vale helicóptero? Sobe! Daniel está pronto para entrar no Primeiro Impacto? Ótimo! Avisa a Isabele, o Humberto. SBT Rio vai ser quente hoje".

Esse é o relato de um dia normal do jornalista no Rio de Janeiro. Normal mesmo, sem exagero algum. Não existe cidade hoje no mundo com tanta notícia policial - ou factual de polícia. Vivemos na violência e somos verdadeiros correspondentes de guerra. Soa estranho dizer isso. Há algum tempo quem tivesse um editorial voltado para esse tema era chamado de sensacionalista. Vai falar isso pro carioca?!?! Nós acordamos e dormimos respirando esse ar pesado com sintomas de medo. Falar de guerra no Rio é prestar um serviço.

O jornal SBT Rio completa 20 anos agora em 2019. São 20 anos contando histórias e hoje, infelizmente, falar de violência é noticiar algo que a população precisa e quer ouvir. Não é uma exploração barata do tema, muito pelo contrário. Nos morros ou no asfalto, o temor toma conta do nosso telespectador. Os pais precisam saber se podem levar o filho à escola ou se teve arrastão naquela avenida que eles passam todos os dias. É seguro pegar este caminho? Posso ficar naquele ponto de ônibus ou descer do BRT sem medo?

 Eles nos assistem para tentar encontrar respostas. Acordar e dormir ao som de tiro é uma rotina da cidade - da Zona Norte a Zona Sul - e não podemos fechar os olhos para isso. Nós todos estamos no mesmo barco! Fazer jornalismo no Rio é contar o seu dia, dos seus amigos, do bairro onde mora sua mãe, ver aquela rua que você passou com a família na semana passada e dizer: "ufa, dessa vez não aconteceu comigo".

É, mas pode acontecer ao seu lado. E por isso o jornalista no Rio precisa estar preparado a todo momento. Pega o celular, grava, manda! Narra, conta a história. É você que está ela. Você viu. Você! Não tem hora, não tem lugar. Jornalista no Rio é jornalista 24 horas por dia. Quantas vezes no caminho de casa somos surpreendidos por um arrastão? Um tiroteio? Quantas vezes pela janela do ônibus vemos um assalto? A guerra cotidiana exige um jornalista completo e conhecedor da cidade onde mora.

Muitas pessoas me perguntam: os repórteres não tem medo de tiroteio? É seguro? Claro que têm! Ninguém quer escutar o zunido de uma bala de fuzil passando bem perto de sua cabeça. Lembranças de colegas mortos em reportagens durante os confrontos vem à tona quando estamos naquela situação. O jornalista não pode mais se arriscar em uma cobertura. É guerra de verdade! Nosso limite quem define é a equipe na rua. Se dizem que não dá mais, não dá e pronto! É que a linha que ultrapassa a barreira do seguro para perigo muda a cada dia. Aquele lugar que você entrava com tranquilidade hoje está dominado. Acabou.

Um dia convido todo mundo para estar no nosso switcher durante o jornal local. A palavra "intensidade" é a que melhor descreve o SBT Rio. Parece uma batalha. É insano. Colocamos no ar um produto que precisa conversar com o telespectador. O que ele quer ver? Muda! Muda! Muda! Sobe! Sobe! Sobe! Essa é a missão diária. Nosso cardápio tem que alimentar a fome de quem deseja a melhor informação. Por isso um espelho feito às 10h da manhã fica velho às 11h30. E essa é a graça do Rio de Janeiro: a cada minuto você precisa reconstruir seu jornal.

"O SBT Rio está há 6 anos na vice-liderança no horário"

O dia-a-dia do jornalismo em um violento Rio de Janeiro na visão de diretor do SBT Rio

Como competir de igual pra igual com produtos com mais investimento e estrutura? A resposta: primeiro formar uma equipe com "tesão" em fazer jornalismo, ter muito cuidado com a informação e responsabilidade com o público. O SBT Rio está há 6 anos na vice-liderança no horário, mesmo batendo de frente com gigantes na concorrência.

Nossos repórteres, editores, produtores, enfim, todos sabem muito bem a linha que seguimos. É preciso fazer um link de 10 minutos? Eles fazem. Colocar o pé na lama? Fazer uma matéria de redação? Também. Nenhum jornal se sustenta no topo sem profissionais que compram a ideia. E no jornalismo do SBT Rio todos compraram.

 E o cuidado com a informação? Hoje é muito fácil cair em armadilhas. Aquele vídeo no WhatsApp que parece ser o "filé" do jornal pode ser falso. Antes de tudo, apuração! Muita apuração! A ânsia de conseguir audiência a qualquer custo acaba com a credibilidade do jornal. E enganar o telespectador é o fim de um relacionamento.

Aí você me pergunta: o que é o SBT Rio? O SBT Rio é hardnews, na essência da palavra. O SBT Rio é o Rio. Opa, espera aí, só um minuto: "Alô Yasmin, acabei de escrever o artigo aqui. O quê????? Sim, manda três equipes pra lá voando. Vai ser o assunto do dia".

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