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Rodrigo Faro e a cilada dos frios índices de audiência

Apresentador foi flagrado perguntando a audiência durante homenagem a Gugu


Rodrigo Faro chorando
Hora do Faro do último domingo (24) foi ao vivo em homenagem a Gugu; apresentador foi detonado

Uma das coisas que mais gera reação negativa no público, em se tratando de televisão, é a falta de conexão entre quem apresenta e o conteúdo que é apresentado.

A famosa cena da então global Ana Paula Padrão noticiando o falecimento de um jogador do Vasco com um sorriso nos lábios que o diga. Repercutiu muito, ainda que, àquela época, ainda não houvesse o peso do imediatismo das redes sociais.

Mas a jornalista teve um motivo para fazer aquela leitura. Segundo a própria relatou, não tinha conhecimento da pauta e, ao ler que era sobre futebol, imaginou se tratar de uma notícia leve. A prova, irrefutável, é que Padrão altera a forma de falar, de forma até constrangida, após pronunciar a palavra “morreu”.

Esse tipo de situação não é comum em televisão, mas pode acontecer a qualquer momento, afinal, são muitas coisas a gerenciar e nem sempre é possível dar a um determinado assunto o tom que ele merece. Cabe ao apresentador e à produção perceber a falha e corrigir o mais rápido possível.

E isso foi tudo o que Rodrigo Faro não fez no último domingo (24). Em seu Hora do Faro, o apresentador fez uma homenagem a Gugu Liberato, cuja morte fora confirmada na sexta (22), com um tom triste, sofrido, choroso e até com direito a música de fundo. Tudo como manda o roteiro.

E aí Faro se perdeu. Primeiro, uma falha básica de produção, ao reprisar matérias que, ao invés de enaltecer o homenageado, apenas fizeram autopromoção do apresentador. Isso, por si só, já passa a impressão de que todo o chororô de momentos antes foi encenado.

Mas quem dera as gafes parassem por aí. Durante reportagem, alguém da equipe achou que seria uma boa ideia dividir a tela e mostrar o apresentador nos estúdios. E seria, se Faro realmente estivesse em clima de tristeza, como havia demonstrado antes.

Com a tela dividida, Rodrigo apareceu com cara de quem não estava nem aí para tudo o que estava acontecendo. Totalmente incoerente.

Como desgraça pouca é bobagem, sem saber que estava no ar, Faro questionou, com microfone cortado, “como tá a audiência?”, para, logo em seguida, talvez alertado de que estava no ar, voltar a apresentar o semblante de tristeza. A internet veio abaixo e choveram críticas ao apresentador, à Record e à homenagem.

Um programa exibido ao vivo tem a grande vantagem de - ainda mais nos tempos de segunda tela - sentir a reação do público em tempo real e amenizar ou corrigir possíveis falhas. Mas a equipe e Faro preferiram ignorar as reações e seguir tocando o barco como se fora um programa gravado qualquer.

Três dias depois do ocorrido, o apresentador sentiu o tamanho da polêmica que havia causado e resolveu dar entrevista comentando o assunto. Em linhas gerais, Faro jogou a culpa no fato de “a televisão viver disso”, disse que tinha quer ter “humildade para ouvir” e tentou colocar um ponto final na questão com o famoso “vida que segue”. Não segue.

Faro foi desrespeitoso e incoerente com o momento. O público reagiu porque sentiu na atitude do apresentador falsidade, frieza e falta de empatia. Aliás, falta de empatia é tudo o que um apresentador não pode ter e tudo o que Gugu não tinha. Faro, que diz aprender com o que ouve, deveria ter se aconselhado e ouvido Gugu.

Ao não assumir o erro e transferir a culpa à conhecida “escravidão” dos números, o apresentador apenas piorou a sua situação.

Querer audiência não é crime, pelo contrário, é tão importante quanto faturamento em televisão, mas empatia é essencial. Faro foi juvenil, teve uma atitude incompatível com a posição que ocupa atualmente.

Precisará trabalhar muito para corrigir a situação e, quem sabe um dia, tornar-se um apresentador completo.

 

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