Eu ainda espero que Gugu volte e diga que tudo não passou de uma pegadinha do Domingo Legal
Publicado em 25/11/2019 às 12:59
Desde que saiu a primeira informação sobre o acidente doméstico de Gugu Liberato, na última quarta-feira (20), o NaTelinha faz a cobertura completa do caso que culminou na trágica morte de um dos maiores apresentadores da televisão brasileira.
Foram dezenas de matérias, entre notícias sobre o ocorrido a homenagens, passando pela repercussão na TV. Acompanhei, coordenei e editei todas elas, e ainda não consigo acreditar que Gugu morreu. O NaTelinha está de luto.
Eu entrei nesse mundo da televisão em 2003, após passar todo os anos 90 assistindo aos seus programas. Me apaixonei pelo assunto vendo Gugu traçar estratégias para atingir a liderança na audiência. Foi um dos motivos que me fizeram, dois anos depois, juntamente com outros apaixonados por TV, lançar este site - que em 2020 completa 15 anos.
Sempre gostei de televisão popular, que pra mim é o real significado do veículo. O Domingo Legal era um programa vivo, de palco, movimentado, com brincadeiras, musicais e outros quadros históricos, como Banheira do Gugu, Sentindo na Pele, Táxi do Gugu e Construindo um Sonho - esse lançado mais adiante, em 2008. Gugu Liberato era uma máquina de criatividade que respirava TV.
Ele sabia reunir a família brasileira em volta do televisor. Era, de fato, um sucessor de Silvio Santos - que lamentavelmente não poderá mais assumir o posto. Eu acreditava que no futuro, Gugu ainda voltaria para a programação do SBT.
O loiro começou na TV muito cedo, aos 14 anos, e no início dos anos 80 chamou a atenção com o Viva a Noite. Me lembro de algumas coisas do programa, mas ainda muito criança, as atrações de Gugu que me marcaram foram mesmo o Domingo Legal, Sabadão Sertanejo, Passa ou Repassa e TV Animal. Mas ele fez muito mais, como Corrida Maluca, Cidade contra Cidade, Nações Unidas.
Nos anos 90, além do seu programa dominical, o apresentador também deu o que falar com o Sabadão Sertanejo, reunindo musicais não só desse segmento, mas variados, e as famosas felina e gata molhada. Confesso que adorava assistir nas noites de sábado - assim como a grande maioria dos adolescentes da época.
Em março de 1996, fui acordado com uma triste notícia: a morte dos Mamonas Assassinas, grupo do qual era fã. Chorando, liguei a televisão pouco depois e aonde acompanhei toda a cobertura? No Domingo Legal, que também praticava um jornalismo espetacular.
Em 2001, Silvio Santos estreou a Casa dos Artistas, cercada de mistério, que se tornou um grande fenômeno na televisão. Jamais esqueço das interações ao vivo que o dono do SBT fazia com Gugu, que me marcou bastante e sempre esperava por esse momento.
Em 2003, o apresentador acabou manchando sua credibilidade, com a fatídica entrevista com falsos integrantes do PCC. Teve que pedir desculpas no programa de Hebe Camargo. Demorou para resgatar sua imagem, mas eu segui acompanhando o programa e os esforços de Gugu para se recuperar. Conseguiu, com o Construindo um Sonho.
Em 2009, já com o NaTelinha, todo o Brasil se surpreendeu quando Gugu aceitou proposta milionária e migrou para a Record. No mesmo ano, estreou o Programa do Gugu nas noites de domingo, que durou até 2013, após o Ibope não corresponder tanto e por conta de corte de gastos. Em 2015, voltou com uma atração três vezes por semana, depois somente uma, até que em 2018, convencido pela emissora, passou a apresentar formatos fechados.
O primeiro foi o Power Couple Brasil, que estava com Roberto Justus desde 2016. Eu acompanhava o programa por cima, editando matérias sobre o reality. Mas quando Gugu assumiu, virei fã e acompanhei as edições daquele ano e também deste. Transformou a atração praticamente num programa de auditório.
Mas além do auditório, o apresentador também tinha que comandar as provas com os casais. Algumas delas, externas, duravam mais de três horas debaixo de sol. E soube que ele nunca se queixava. Falando nisso, em toda sua vida, nunca houve uma pessoa que falasse mal de Gugu. Era um lorde. Uma pessoa do bem, que fará muita falta nos dias de hoje.
Nos últimos anos, fiz algumas entrevistas com Gugu, sempre muito bem respondidas. Além disso, mesmo sem tê-lo conhecido pessoalmente, posso dizer que me seguia no Twitter, já curtiu publicações minhas e até mesmo compartilhou matérias do NaTelinha. Isso me deixa muito lisonjeado.
Enfim, passados todos esses dias, ainda não dá para acreditar na morte de Gugu Liberato. Quando vejo homenagens sendo feitas na TV - lindas, por sinal, com resgates de imagens de seus programas -, parece que ele está ali. Não consigo digerir que o segundo maior apresentador até então vivo da televisão se foi. Com o tempo isso vai acontecer, o coração vai se acalmar, Gugu foi descansar ao lado de Deus, animar o céu.
Mas agora, ainda esperava que ele aparecesse dizendo que tudo não passou de uma pegadinha do "Dominguuuu... Legal".