Publicado em 13/01/2020 às 15:23:00
Renato Aragão completa 85 anos nesta segunda-feira (13) e tem sido menos reverenciado que outros nomes importantes da TV brasileira, como Silvio Santos e Fernanda Montenegro. Gigante do humor no nosso país – sucesso parecido com Roberto Bolaños no México – qual o motivo do comediante não ter centenas de homenagens?
Poderíamos apontar vários argumentos, como a lenda do Doutor Renato. Não se sabe quem começou essa história, mas formado em Direito, Aragão teria se irritado com alguém que o chamou de Didi. "Não sou Didi, pra você é doutor Renato", teria dito. Ele já disse inúmeras vezes que não se importa em ser chamado como o personagem, mas esse episódio rumoroso ajudou a prejudicar a imagem do artista, assim como ter registrado a marca Os Trapalhões, ganhando mais dinheiro do que seus colegas e criando conflitos.
Aragão ficou muito tempo sem conversar com Dedé Santana, mas hoje eles são amigos e até já trabalharam juntos no extinto A Turma do Didi (1998-2010).
"Na realidade ele é o grande cabeça assim dos Trapalhões, porque ele sabia que direção tomar. Não posso nem dizer que ele era melhor do que um ou que todos, todos eram iguais, mas ele tinha uma visão", explicou Dedé.
Mesmo que Renato fosse um empresário implacável e uma pessoa sem “humildade”, nada justificaria a falta para homenagens na data de hoje. Como dito, ele pode ser chamado de “nosso Chaves”. É bom deixar claro que Roberto teve maior importância para a televisão mexicana do que Aragão para a brasileira, mas em termos de sucesso em cada país, o eterno trapalhão é o que mais se aproxima de Chespirito.
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O Brasil teve programas de humor que marcaram a TV, como TV Pirata, Família Trapo, Pânico, CQC, Casseta e Planeta, Viva o Gordo, Escolinha do Professor Raimundo, entre outros, mas nada que se compare com Os Trapalhões - e isso aconteceu por causa de Renato.
Interpretando Didi, o artista foi quem melhor soube trabalhar a carreira e soube expandir a marca de Os Trapalhões em todo país. Mesmo com o fim do grupo, a continuação do humorista na TV permitiu que a memória afetiva dos espectadores continuasse viva, ainda em um período sem streaming.
Muitos jovens – de 20 a 30 anos – não viram Os Trapalhões, mas conhecem a história do programa por causa de Didi. Apesar de apostar no humor pastelão – um estilo que vem se tornando cada vez mais ultrapassado em todo planeta – ele era a história. Isso ninguém tira dele. É bom destacar que dos atores que apareciam em cena, apenas Aragão fazia parte da equipe de roteiristas do programa.
Essa ligação pode até parecer forçada. Muitos falarão: “nada a ver, Chaves fez sucesso em mais de 100 países”. De fato, o tamanho de Chaves é maior do que Os Trapalhões e, provavelmente, de 99% de programas/seriados de todo mundo.
Só que o menino do barril explodiu no seu país de origem, o México na década de 1970, e mudou o jeito de fazer televisão lá. A produção optava pelo humor pastelão e no “conto da carochinha”, dando uma lição de moral no fim de cada episódio.
No Brasil, a série Os Trapalhões também buscava o riso fácil, mas não fazia questão de dar lição de moral. Talvez em um país que estava passando por grande transformação (fim da Ditadura Militar), fizesse sentido.
Há quem diga que Zacarias e Mussum eram os mais engraçados, assim como dizem que Kiko e Seu Madruga ficavam com as melhores cenas de Chaves. Mas o sucesso de Os Trapalhões se deu por causa de Renato Aragão, como a turma da vila só chegou aonde chegou graças a Roberto.
No México, Bolaños é ovacionado sempre – e merece todas as homenagens. É necessário que Renato tenha o mesmo respeito, não porque seja o melhor comediante da história do Brasil, mas por ter cuidado do principal produto de humor da nossa TV. Um mérito que ele levará pra vida.
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