Atuação da Semana: Vilão ou Anti-herói? José Loreto mostra maturidade em No Rancho Fundo

Desde que No Rancho Fundo estreou, Marcelo Gouveia vem permeando a mente do público com momentos de maldade pura e pontos de humanidade e emoção. Embora seja o grande entrave para o amor dos mocinhos, não é tão simples definir se o personagem trata-se de um vilão ou um anti-herói moderno. Muito da dúvida se deve à composição madura e certeira de seu intérprete, José Loreto.

O ator vem sendo experimentado há algum tempo e construindo uma carreira variada. Desde que se tornou figurinha carimbada nas novelas da Globo e ganhou status de astro, Loreto passou a escolher com maior cuidado os personagens que aceitaria. Seus dois últimos são a prova de um artista preocupado em entregar performance dentro de uma história rica e que faça sentido.

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Ele já havia brilhado intensamente como Lui Lorenzo em Vai na Fé (2022), que também dançava (literalmente) entre a comédia e o drama. Agora, como o antagonista de Artur (Tulio Starling) na disputa por Quinota (Larissa Bocchino), há novamente um quê de drama em várias sequências de humor.

Na semana mais recente, o público pôde enxergar a maturidade de José Loreto nas sequências em que Marcelo e Artur faziam as pazes em pleno orfanato onde foram criados. O ator foi sutil o suficiente para mostrar que há um sentimento verdadeiro de irmandade entre seu antagonista e o mocinho de Tulio Starling. A composição do artista foi pensada milimetricamente para não parecer uma ligação forjada, mas realmente emotiva e com elementos de verdade.

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Pouco depois, porém, Marcelo mostrou a sua outra faceta. O objetivo de separar Quinota do amigo é real porque ele quer a ex-noiva de volta, muito mais pelo dinheiro dela que por algum sentimento nobre. Enquanto conversava com Blandina (Luisa Arraes), o personagem ganhou ares de vilão e novamente Loreto acertou o tom para exibir um lado do mal e que não houvesse dúvidas de que ele é capaz de tudo para atingir seu principal objetivo: ficar rico.

Marcelo Gouveia parece aqueles arquétipos típicos que se repetem em novelas: o homem capaz de tudo, mas com sentimentos e que acaba se regenerando no final. Difícil saber se este será o caminho traçado pelo autor Mário Teixeira, mas a construção de José Loreto não deixa dúvidas de que seu personagem merece um final feliz, superando os traumas de uma infância de abandono.