Opinião

Atuação da Semana: Vai na Fé celebra talento de Sheron Menezzes e vitória contra o racismo

Atriz demorou 20 anos para protagonizar uma novela e mostrou que não era por falta de talento

Vai na Fé fez Sheron Menezzes brilhar - Foto: Reprodução/Globoplay
Por Daniel César

Publicado em 13/08/2023 às 12:40:00

Desde que Vai na Fé foi anunciada, ainda em 2022, muita gente se perguntou os motivos da escolha de Sheron Menezzes como protagonista. Afinal, com duas décadas dentro da Globo, a atriz jamais havia recebido uma mocinha para chamar de sua. Agora, com o final da obra, a pergunta que deve ser feita é por que demorou tanto? A produção das 19h chegou ao fim para celebrar o talento desta artista completa e também mais um capítulo da vitória contra o racismo.

Sheron já havia mostrado completo domínio na arte da interpretação em outros trabalhos, como em Lado a Lado (2012) e Bom Sucesso (2019), para citar apenas dois. Em Vai na Fé ela tinha uma missão quase impossível: Sol era uma alegoria da mulher brasileira típica: preta, favelada, evangélica e sem um tostão para comprar o gás. Ainda assim,  a personagem tinha um otimismo e uma esperança inabaláveis.

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Se a autora Rosane Svartman apostou certo nas mudanças de ares do Brasil ao propor uma novela para dar doses de esperança ao público, Sol ia além e apostava na sua fé e na sua força de batalhar como fonte de energia para superar todas as dores da vida. No mundo real, nem sempre o sofrimento consegue ser superado pela fé religiosa ou pela expectativa de dias melhores, daí o perigo.

A personagem, portanto, era complexa e com alto risco de rejeição porque ninguém parecia disposto a acreditar na verossimilhança de alguém assim. Sheron optou por uma composição solar, mas sem estereótipo e que fugiu da caricatura. Sol era uma mulher feliz, mas que sabia a hora de sofrer, a hora de respirar e que nem sempre acertava nas decisões, mas que era sempre visceral em defesa de seus princípios.

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A mocinha evangélica da novela da Globo conquistou todas as religiões porque Sheron Menezzes seguiu a proposta da autora à risca e construiu uma protagonista constrangedoramente real. Era impossível assistir aos capítulos de Vai na Fé e não imaginar Sol como uma vizinha, uma amiga ou uma mulher que tenha passado por nossa vida. Isso é mérito exclusivo de uma artista completa.

Sheron teve a última semana inteira para celebrar seu talento. Na reta final da trama, sua personagem brilhou intensamente e mostrou que a esperança termina bem, colhendo os louros do trabalho. Ela ainda ganhou mais uma chance de brilhar na sequência em que Theo (Emílio Dantas) a sequestra. Teve de tudo para mostrar a versatilidade da atriz.

A partir de agora, ela deve figurar na primeira prateleira de atrizes de sua geração e não há mais aceitável que Sheron fique deixada de lado para papéis menores. Além disso, é preciso celebrar mais uma conquista: a vitória contra o racismo porque só isso explica duas décadas para ela protagonizar uma novela na Globo.



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