Opinião

Atuação da Semana: Marcos Palmeira mostra versatilidade e enche a tela em Renascer

José Inocêncio é um tipo difícil e Marcos Palmeira vai bem


Marcos Palmeira em Renascer
Marcos Palmeira brilha como José Inocêncio em Renascer - Foto: Reprodução/Globoplay

Existem certos tipos de artistas que parecem nascer para trabalhar com certos textos específicos. Marlon Brando tinha o DNA das obras de Francis Ford Coppola, para citar um exemplo. No Brasil, também existem casos assim, como José Mayer e Manoel Carlos, mas também Marcos Palmeira e a obra de Benedito Ruy Barbosa. Se havia algum tipo de dúvida quanto a isso, ela vem sendo dizimada dia após dia com a nova versão de Renascer.

Quando o ator foi escalado para o papel do protagonista José Inocêncio, vivido na primeira versão de 1993 por Antônio Fagundes, houve quem torcesse o nariz. Primeiro pelo estilo de interpretação diferente entre eles, segundo porque, na visão de muitos, Palmeira não tem o carisma necessário para o papel e, por último, porque ele havia acabado de fazer outro protagonista de um remake de Benedito, o José Leôncio, de Pantanal (2022).

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As crítica antecipadas não chegavam a ser equivocadas. Marcos Palmeira é diferente na linguagem de dramaturgia quando comparado ao Fagundes. Seus personagens não costumam conquistar o público pelo carisma, haja visto alguns mocinhos, como o de Celebridade (2003) e, realmente, soava estranho outro protagonista dois anos depois, com relativo traços de semelhança.

Embora tudo isso seja verdade, faltou um ingrediente na análise antes da estreia de Renascer e que, agora em tela a novela mostrou: o imenso talento do ator e sua capacidade de recriar tipos iguais, mas tão diferentes. José Inocêncio também mora numa fazenda e não troca a vida no campo por nada, tal qual Leôncio, ele também tem fantasmas do passado que o impedem de viver uma vida feliz. As semelhanças terminam aí.

Se José Leôncio era um homem que primava pela justiça, inclusive social, e sonhava em conviver com o filho biológico do grande amor de sua vida, José Inocêncio é o oposto. A perda da esposa o fez ser um homem amargo, que não se preocupa mais com praticamente nenhum tema e que tem ojeriza à própria família.

A interpretação truculenta do protagonista de Pantanal deu lugar a uma composição mais contida e sensível. Inocêncio é um homem amargo e é possível notar isso pelo olhar e pelo tom de voz. Marcos Palmeira criou uma sombra no personagem que é impossível não se notar.

O tom dramatúrgico é bastante diferente do que Humberto Carrão fez na primeira fase da novela, mas porque José Inocêncio virou outra pessoa após da morte da esposa. Se havia dúvidas de que Palmeira sabe o que está fazendo, ela se dissipou nesta semana.

A avassaladora paixão por Mariana (Theresa Fonseca) fez com que aquele brilho dos primeiros capítulos voltasse. Os trejeitos, os arroubos e até a voz impostada, criação de Carrão, voltou a ser vista nas cenas. A prova de que Marcos Palmeira tem o total controle sobre o personagem e deve entregar grandes sequências até o fim da novela.

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