Opinião

Por que 2024 pode acabar com a hegemonia da Globo para sempre

Emissora vai enfrentar, pela primeira vez, gigantes do mercado naquilo que ela comanda: as novelas


Humberto Carrão em cena da novela Renascer, da Globo
Renascer é a nova novela da Globo - Foto: Reprodução/Globoplay

Quando Boni assumiu a direção geral da Globo nos anos 70, ele traçou um plano que mudaria para sempre o jeito de fazer televisão no Brasil. Saiu da mente dele a ideia de criar uma programação ao redor do que passaria a ser o principal produto da emissora: as novelas. A estratégia funcionou tão bem que logo o canal da família Marinho virou o principal do país e um dos principais do mundo no cinquenta anos seguintes. Agora, pela primeira vez, no entanto, ele pode perder a hegemonia da dramaturgia nacional.

Nesses mais de 50 anos que a Globo comanda o formato de novelas e produziu obras icônicas como Vale Tudo (1988), Roque Santeiro (1985), Mulheres de Areia (1993) ou Avenida Brasil (2012), para citar algumas, ela foi poucas vezes ameaçadas como produtora de telenovelas líder no mercado de um país com 200 milhões de habitantes.

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Seja a Tupi  (1950 - 1980) em sua reta final, que tentou fazer frente, seja a Manchete no início dos anos 90, com obras como Pantanal (1990) ou mesmo o SBT que, vira e mexe volta a fazer novelas, Éramos Seis (1994), Canavial de Paixões (2003) ou Carrossel (2013), nenhuma conseguiu chegar aos pés da Globo. E nem tentou.

A única que fez um movimento em busca de se tornar a maior referência em novelas do Brasil foi a Record. "A caminho da liderança" não foi uma frase solta e o canal paulista, no início do século, usou uma estratégia agressiva de contra-programação para destronar a Vênus Platinada. Resultado? Produziu grandes obras como Essas Mulheres (2003), Vidas Opostas (2004), Poder Paralelo (2009) e Pecado Mortal (2013). Mas não fez nem cócegas na líder do mercado.

Desde sempre a Globo nada sozinha neste oceano. Ainda que as outras tentam, elas só fazem uma ou outra produção e não conseguem se manter como um celeiro de novelas. Mas a hegemonia da emissora carioca pode acabar em 2024 porque, pela primeira vez, ela enfrentará gigantes do mercado que têm tudo o que as concorrentes de TV aberta nunca tiveram: dinheiro.

HBO e a preocupação da Globo em 2024

A Netflix, que tanto demorou para ceder ao formato tipicamente brasileiro e que leva os telespectadores ao delírio, estreará em 2024 com Pedaço de Mim. Para mostrar ao mercado que não quer brincar, a plataforma buscou uma autora da própria Globo, Ângela Chaves (do remake de Éramos Seis em 2019) e como protagonistas apenas Juliana Paes e Vladimir Brichta, dois nomes de primeira grandeza na líder de audiência.

Ainda não se sabe se a Netflix insistirá neste nicho do mercado. Novela é muito mais cara que as séries e é preciso observar se a obra terá aceitação mundial. A tirar pelo sucesso das produções turcas, coreanas e chinesas nos últimos tempos, parece ser uma trajetória sem volta e com milhões de dólares sobrando para investir por aqui.

Porém, a grande preocupação da Globo com o fim de sua hegemonia deve ser a HBO. A maior produtora de obras-primas - caras e com qualidade - da história da TV mundial entrou neste mercado e não pretende sair mais. Em 2024, a plataforma estreia duas novelas: Beleza Fatal e Dona Beja.

A primeira tem um elenco digno de novela das nove da Globo, capitaneada por Camila Pitanga e Giovanna Antonelli. A segunda, um nova versão de um folhetim que explodiu no Brasil nos anos 80, também com globais de primeira linha, com Bianca Bin e Grazi Massafera.

Outras duas sinopses já estão sendo analisadas pela multinacional americana, inclusive o remake de Pai Herói, uma das mais emblemáticas novelas de todos os tempos.

A HBO tem expertise em todo mundo e se aprender como se faz novela, vai virar possivelmente a maior produtora do planeta neste formato, principalmente quando perceber que é o modelo de negócios mais lucrativo porque entra em qualquer país.

Com Netflix e HBO entrando numa piscina que só a Globo nadou a vida toda, haverá competição. É preciso esperar pacientemente para verificar se os diretores terão paciência e se o público irá se adaptar a assistir novelas no streaming - que é uma atividade completamente diferente do que foi feita a vida toda no Brasil. Após um período de adaptação, se tudo der certo, poderemos lembrar de 2024 como o ano que a hegemonia da Globo em novelas acabou.

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