Abandono

40 anos de minissérie no Brasil: Por que a Globo não investe mais no gênero?

Ao priorizar o streaming, emissora deixa o tipo de dramaturgia de lado


Lampião e Maria Bonita em cena em minissérie homônima
40 anos de minissérie no Brasil: Por que a Globo não investe mais no gênero? - Foto: Reprodução
Por Thomaz Rocha

Publicado em 25/04/2022 às 08:00,
atualizado em 25/04/2022 às 09:21

Em abril de 1982, a Globo lançava um gênero de teledramaturgia que marcaria os lares brasileiros: A minissérie. Ao longo de 40 anos, muitas produções viraram referência e ganharam muitos prêmios, seja por produções impecáveis, adaptações literárias ou outros aspectos que configuraram um estilo próprio deste tipo de obra.

Diferente das novelas, tipo que já estava consolidado nos anos 1970, as minisséries se diferenciavam por serem produções com capítulos reduzidos e determinada como obra fechada, isto é, elas iriam ao ar completamente gravadas, sem terem a chance da repercussão do público influenciar na história, mesmo com características imprescindíveis ao folhetim, como o gancho no final dos capítulos.

Nesta terça-feira (26) faz 40 anos que a Globo lançou sua primeira minissérie, Lampião e Maria Bonita. Com texto de Aguinaldo Silva e Doc Comparato, a produção teve apenas oito capítulos, que contava a história de Virgulino Ferreira da Silva (Nelson Xavier) e Maria Gomes de Oliveira (Tânia Alves), o Lampião e a Maria Bonita do título, personagens históricos do Brasil, mas adaptados por tramas de ficção.

Tanto a produção esmerada e a caracterização impressionantes dos personagens, alinhadas ao texto dinâmico, fizeram da minissérie um grande sucesso e deram para a Globo a certeza de que ela poderia investir no gênero. Assim foi feito por muitos anos.

Em 40 anos, muitas minisséries repercutiram positivamente e hoje habitam o imaginário popular, tanto na Globo como em outras emissoras, seja pela importância histórica, como Anos Rebeldes (1992), pelas adaptações literárias, como A Casa das Sete Mulheres (2003), história fortes, a exemplo de Presença de Anita (2001), ou temas bíblicos, como Rei Davi (2012).

Globo deixa de produzir minisséries e prioriza séries e novelas

40 anos de minissérie no Brasil: Por que a Globo não investe mais no gênero?Protagonistas de A Casa das Sete Mulheres, clássica minissérie de 2003 - Foto: Reprodução

Apesar do êxito das minisséries, as emissoras não investem mais no gênero, sobretudo a Globo, que parou de produzir este tipo de dramaturgia em 2019. A última obra lançada pelo canal carioca foi Se Eu Fechar os Olhos Agora, numa exibição de 10 capítulos na TV, mas anteriormente disponibilizado no Globoplay, plataforma de streaming da emissora.

O investimento nesse mais novo meio de entretenimento, pode ter sacramentado o fim das minisséries na TV. Com um catálogo mais voltado às séries, com produções originais, o Globoplay se tornou a prioridade das produções do grupo Globo, deixando para as transmissões em primeira mão em TV apenas para as novelas.

O movimento para o streaming é tão forte que até as próprias novelas devem ser lançadas primeiramente no streaming antes de ir ao ar na TV, como foi Verdades Secretas 2 e, agora, com Olho por Olho, novela de João Emanuel Carneiro que seria substituta de Pantanal às 9 da noite, mas que foi cancelada no horário e assumiu a missão de estrear no GloboPlay ainda este ano, sem ter uma previsão para ir ao ar na telinha.

Com o fim das minisséries na Globo, resta aguardar para ver se outras emissoras seguirão o mesmo modelo. Enquanto isso, só restou ao público assistir novamente as obras do gênero que são disponibilizadas a conta gotas no streaming.

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