Atuação da Semana: Sérgio Guizé emociona no reencontro de Candinho e Samir
Ator aposta na contenção e na delicadeza para conduzir a grande virada emocional de Êta Mundo Melhor
Publicado em 14/12/2025 às 11:30
A grande virada de Êta Mundo Melhor teve em Sérgio Guizé o seu eixo emocional mais evidente. No momento em que Candinho finalmente encontra o filho Samir, a novela abandona o tom leve que marcou boa parte da trajetória do personagem e mergulha em uma dimensão mais densa, onde a emoção não vem do exagero, mas da contenção. É justamente nesse registro que o artista confirma por que foi a atuação da semana.
Desde o início da trama, Candinho foi construído como um personagem marcado pela ingenuidade, pela bondade quase infantil e por uma visão de mundo simples, ainda que atravessada por perdas e frustrações.
Sérgio Guizé sempre interpretou esse universo interno com uma combinação precisa de gestos, pausas e um olhar que carrega mais significado do que as falas. Na cena do reencontro com Samir, essa característica se intensifica.
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O ator evita qualquer recurso fácil de comoção e aposta numa emoção que se revela aos poucos, como se Candinho precisasse confirmar, internamente, que aquele momento é real.
O estilo de interpretação de Guizé para Candinho se apoia muito na fisicalidade do personagem. O corpo parece sempre ligeiramente deslocado do espaço, como se Candinho estivesse um passo atrás do mundo à sua volta.
No reencontro com o filho, esse traço ganha novo sentido: o corpo rígido no primeiro instante, os braços que hesitam antes de acolher, a respiração que se altera de forma quase imperceptível. São detalhes que constroem a emoção sem verbalizá-la excessivamente. Quando a fala surge, ela vem quebrada, entrecortada, coerente com um personagem que nunca foi articulado, mas sempre foi profundamente sensível.
A cena também potencializa o talento do ator ao exigir uma transição emocional complexa. Candinho não passa diretamente da alegria à felicidade plena. Há surpresa, incredulidade, medo de perder novamente, dor acumulada e, só então, alívio. Guizé percorre esse caminho com precisão, sem atropelar etapas.
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O olhar marejado antecede o choro, que surge mais como consequência inevitável do que como objetivo dramático. Isso confere verdade à cena e reforça a empatia do público com o personagem.
Outro aspecto relevante é a coerência com a trajetória construída ao longo da novela. Sérgio Guizé não “reinventa” Candinho para a grande virada. Ao contrário, ele aprofunda traços já conhecidos, mostrando que aquela ingenuidade sempre conviveu com uma dor silenciosa.
O reencontro com Samir – e também com Anastácia – não transforma Candinho em outro homem, mas revela camadas que estavam adormecidas. Essa fidelidade à construção do personagem é um dos pontos altos da atuação.
Ao fim, a sequência se impõe como um dos momentos mais marcantes da novela não apenas pelo que representa na trama, mas pela forma como é conduzida. Sérgio Guizé entrega uma atuação madura, sensível e tecnicamente segura, que confirma sua capacidade de emocionar sem recorrer ao excesso.