Atuação da Semana: Gabriel Sater acerta o tom e faz trabalho potente em Pantanal
O ator conseguiu escapar das comparações
Publicado em 10/07/2022 às 07:00
A memória afetiva tem seus pontos positivos e negativos quando é relacionada a algum remake. Quando foi anunciado que Gabriel Sater interpretaria Trindade, mesmo personagem que ficou sob responsabilidade do seu pai, Almir Sater, iniciou-se um burburinho na imprensa para saber se o ator conseguiria se sair bem no personagem.
Trindade é uma figura cheia de camadas, já que é um peão com a responsabilidade de dar recados do “diabo” para os outros personagens. Um país em que a imensa maioria é cristã – dividida entre evangélicos e católicos –, dar vida para alguém mal vista pela sociedade sempre é um risco.
Para que o papel funcionasse, Sater teria que apostar em uma interpretação leve, sem exageros, com uma pitada de humor e até mesmo oferecer sensualidade ao público. E Gabriel conseguiu oferecer todos esses ingredientes. Não por acaso, Trindade consegue navegar em cenas pesadas, quando incorpora o cramunhão, e momentos leves, como seu romance com Irma (Camila Morgado).
A memória afetiva traz as comparações. Por ter encarado o papel com tamanha seriedade, Gabriel driblou os “mais chatos” e hoje dificilmente algum espectador conseguiria ver o “diabo” nas mãos de outro ator.
Gabriel Sater como Trindade em Pantanal é um acerto
Sater sabe exatamente que seu personagem é um coadjuvante que serve como escada para os papéis principais. Por conta disso, ele nunca tenta levantar o tom da sua interpretação para “brilhar” mais que os seus colegas, algo positivo, já que é uma forma de ser generoso em cena.
Na primeira versão, Almir faria uma participação especial como Trindade, mas o público se encantou pelo personagem e ele seguiu por mais tempo. Só saiu de cena para se dedicar A História de Ana Raio e Zé Trovão, da TV Manchete, em 1990.
Porém, no remake, Trindade é novamente um sucesso e a expectativa é que ele vá até o final. Isso ocorreu não apenas pelo desenvolvimento feito por Bruno Luperi, mas também pela atuação de Gabriel.