Atuação da Semana: Camila Queiroz 'se livra' da Globo e brilha em Beleza Fatal
Camila Queiroz fugiu do estereótipo da Globo como a mocinha da novela da Max

Publicado em 16/02/2025 às 11:30
Existem inúmeras formas de compor um personagem e nenhum é melhor que o outro, o que vale é o resultado. Um bom exemplo disso é Camila Queiroz em Beleza Fatal, numa virada de chave em que a atriz se livrou completamente de um padrão que ela era acostumada a aparecer na tela em suas participações nas novelas da Globo, onde construiu toda sua carreira.
Seja em Êta Mundo Bom (2016), em Verdades Secretas (2015) ou até mesmo em Amor Perfeito (2023), sempre que Camila Queiroz estava em cena, era possível enxergar a característica da personagem por um único estilo: o tom de voz. A atriz, até então global, não mudava a impostação de voz, sempre sem pausas para respiração e terminando seu discurso com um pequeno fio vocal.
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Essa era uma característica da artista e não se trata de juízo de valor sobre dar ou não resultado, tanto deu que ela construiu uma sólida carreira em um momento de instabilidade da carreira, fazendo novelas ou séries em praticamente todos os anos.
Mas ao aparecer com Sofia/Júlia em Beleza Fatal, primeira imersão da Max em novelas, a escolha para composição foi completamente diferente. Se uma pessoa não soubesse o elenco da produção e assistisse uma cena de olhos fechados, não reconheceria a atriz somente pela escolha da voz.
Sofia é uma personagem sofrida, mas que busca vingança pelo que aconteceu com sua mãe e acaba invadindo o mundo de Lola (Camila Pitanga) para conseguir acabar com a vilã. A falta de voz no final das frases soaria com ares de fragilidade, o que não combina com a personagem, por isso foi tão assertiva a escolha de exorcizar Camila de seus trabalhos na Globo.
As nuances de uma jovem que envereda por um mundo de vingança a ponto de criar outro nome e outra personalidade são inúmeras e não é fácil construir algo assim. No Brasil, quem melhor soube lançar mão deste recurso foi Debora Falabella em Avenida Brasil (2012), com uma mocinha que, em alguns momentos, parecia esquizofrênica, mas tudo muito bem explicado por um texto seguro.
Raphael Montes, até o momento, montou um quebra-cabeças de credibilidade para as razões de Sofia. Camila parece ter compreendido muito bem esses motivos e entrega uma mocinha sagaz e cheia de forças. Até os raros momentos de fragilidade mostram pequenas cicatrizes que a afastam do chororô e a colocam na luta. Se a mocinha está na linha de frente, sua intérprete entendeu e dosou bem os sentimentos e sensações entregues ao público.
A personagem é forte e ela deu a força necessária, construindo uma heroína que praticamente não se abala e que, em alguns momentos, foge de qualquer tipo de sentimentos. Camila Queiroz mostra neste trabalho que vai muito além das escolhas anteriores de sua carreira e que pode construir outros tipos na TV.