Uma Família Feliz: Filme com Grazi e Gianecchini é assombroso e perturbador
Suspense brasileiro estreia nos cinemas nesta quinta-feira (4)

Publicado em 04/04/2024 às 05:27,
atualizado em 04/04/2024 às 11:30
Uma Família Feliz, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (4), leva para a telona o suspense característico do escritor Raphael Montes, autor do roteiro, com direção de José Eduardo Belmonte. Partindo da premissa de que “de perto, ninguém é normal”, o longa-metragem com Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini desenvolve uma narrativa assombrosa e perturbadora – até certo ponto.
Eva (Grazi) está grávida e, para quem vê de fora, tem uma vida perfeita ao lado de Vicente (Gianecchini) e de duas filhas. Os problemas começam a aparecer gradativamente e se acentuam quando, em meio à aparente depressão pós-parto da protagonista, o recém-nascido surge com sinais de agressão pelo corpo.
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A tensão está presente desde as primeiras cenas, firmada principalmente na ótima atuação de Grazi Massafera. É pelas expressões da atriz, aflita e assustada mesmo em meio à comemoração do aniversário das filhas, que notamos algo de inquietante no dia a dia supostamente pacato de Eva.
Da direção de arte à trilha sonora, passando pela fotografia e os cenários, tudo ali opera para criar um contexto horripilante em torno da protagonista. Uma boa sacada foi cercá-la de bonecos – pavorosos – confeccionados pela própria personagem, que trabalha criando bebês reborn.
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Como Raphael Montes (criador da série Bom Dia, Verônica) costuma fazer em suas histórias, há alusão a temas sociais relevantes. É uma boa tática do escritor gerar suspense e terror explorando o que o ser humano, em seus desvios psíquicos e ímpetos de violência, pode fazer de pior.
Em Uma Família Feliz, aparecem questões referentes à maternidade, ao puerpério e ao machismo. O filme também evoca outras temáticas, como o abuso sexual, mas todas elas eclodem na parte final da história, quando o suspense se esvazia e a verdade se revela.
Uma Família Feliz mantém um bom suspense por quase duas horas, mas derrapa no desfecho
Filmes de gênero ainda são raros no cinema brasileiro. O thriller vem sendo explorado já há alguns anos com alguns poucos títulos de destaque – O Lobo Atrás da Porta (2014) e As Boas Maneiras (2017) podem ser incluídos aí. Essa nova investida chega bem perto de alcançar o mesmo patamar.
O grande mérito da produção é a capacidade de manter os olhos vidrados da audiência por quase duas horas, sem perder sua atenção em qualquer cena. O dissabor fica mesmo para o desfecho, desenvolvido em cerca de 5 minutos, muito aquém da expectativa gerada e do nível apresentado até ali.
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A sequência final decepciona. A premissa que Raphael Montes pareceu querer desenvolver desde o início – a história original do filme rendeu um livro com o mesmo título, também escrito por ele e já nas livrarias – precisava de um cuidado maior da direção com as atuações.
Uma Família Feliz leva o suspense ao ápice e dá ao público um leque de possibilidades sobre o mistério que envolve aqueles personagens. O plot twist não vai surpreender o espectador mais atento, e a resolução está longe de ser a mais interessante e inventiva que o roteiro poderia entregar.
O elenco também conta com as meninas Luiza Antunes e Juliana Bim. A produção é da Barry Company, em coprodução com Globo Filmes e Telecine, e distribuição da Pandora Filmes.
Assista ao trailer de Uma Família Feliz: