Análise

Sucesso de Alma Gêmea pode abrir precedente para volta de novelas espíritas na Globo

Público é diverso e pode ser mais tolerante do que a emissora supõe


Liliana Castro e Priscila Fantin como Luna e Serena em Alma Gêmea
Em Alma Gêmea, Luna (Liliana Castro) morre e reencarna como Serena (Priscila Fantin); novela agrada o público mais uma vez - Foto: Divulgação/Globo
Por Walter Felix

Publicado em 23/05/2024 às 05:27,
atualizado em 23/05/2024 às 11:05

O sucesso de Alma Gêmea, em cartaz no Vale a Pena Ver de Novo, está dando uma importante resposta à Globo. A novela, que aborda temas como a reencarnação, pode abrir um precedente para a volta de novelas com foco na doutrina espírita, que há tempos não tem espaço nas produções da emissora.

Exibida pela primeira vez entre 2005 e 2006, Alma Gêmea foi um dos maiores fenômenos da história da Globo na faixa das 18h. Depois, voltou no Vale a Pena Ver de Novo, entre 2009 e 2010, novamente registrando boa audiência, e também ganhou um repeteco no Canal Viva em 2022.

3 novelas da Globo retornam em breve; veja a lista e onde assistir

De volta ao ar na TV aberta, a história de Serena (Priscila Fantin), Rafael (Eduardo Moscovis) e Cristina (Flávia Alessandra) repete seu êxito. Na terça-feira (21), a trama teve mais um recorde de audiência: 17,3 pontos na Grande São Paulo, segundo dados do Kantar Ibope, impulsionando a grade noturna do canal.

imagem-texto

A escolha acertada da novela para reerguer os números do Vale a Pena Ver de Novo contrariou a hipótese de que a Globo estaria vetando novelas espíritas, tanto em reprises quanto em produções inéditas. O objetivo seria não desagradar o público evangélico, parcela expressiva da população brasileira hoje.

Com uma história sobre vida após a morte, A Viagem (1994), de Ivani Ribeiro, ganhou uma reprise comemorativa no Canal Viva por seus 30 anos de estreia. Outro sucesso da autora, Mulheres de Areia (1993), comemorou a mesma efeméride na própria Globo, escalada para a faixa Edição Especial no ano passado.

Os bons números da novela de Walcyr Carrasco parecem dar um recado inverso ao que a Globo podia pensar: a grande audiência, independentemente de crenças ou religiões, está aberta a boas histórias e é tolerante a doutrinas diversas. Uma rejeição a essa abordagem certamente se refletiria no Ibope, ao contrário do que está acontecendo.

Demitida da Globo, autora de novelas espíritas fez desabafo em entrevista

imagem-texto

Foi após A Viagem que a Globo passou a dar mais espaço ao espiritismo em suas novelas. Dois anos depois, levou ao ar Anjo de Mim (1996), de Walther Negrão, que não alcançou a mesma repercussão. Os títulos ficaram mais frequentes na sequência de Alma Gêmea, como O Profeta (2006).

Principal representante dessa vertente entre os autores de novelas, Elizabeth Jhin disse ao NaTelinha, no ano passado, que não pretendia mais escrever para a televisão. Sem dar muitos detalhes, ela disse que o motivo seria justamente as imposições da Globo para suas criações:

“Não pretendo ter nenhum vínculo profissional com a Globo. Aliás, não pretendo mais escrever para televisão. Hoje, o escritor tem que enquadrar sua narrativa a uma série de regras ligadas a ideais políticos. São justos e necessários, mas discordo da maneira como são impostos.”

Elizabeth Jhin, em entrevista em 2023

Ela foi a autora de sucessos baseados no espiritismo, como Escrito nas Estrelas (2010), Amor Eterno Amor (2012) e Além do Tempo (2015). Sua última novela na Globo, Espelho da Vida (2019), também tinha esse viés e não foi bem de audiência. Também foi a última novela espírita exibida pelo canal.

Assista à abertura de Alma Gêmea:

Imagem da thumbnail do vídeo

NaTelinha divulga todos os dias os resumos dos capítulos, detalhes dos personagens, entrevistas exclusivas com o elenco e spoilers da novela Alma Gêmea. Confira!

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado