Livro e série de Maria Adelaide Amaral retornam para lembrar o que foi a ditadura militar
Romance Aos Meus Amigos é relançado após 32 anos, meses após resgate de Queridos Amigos no Globoplay
Publicado em 29/03/2024 às 05:27
A minissérie Queridos Amigos, exibida na Globo em 2008, e o livro que a inspirou, Aos Meus Amigos, lançado em 1992, retornam a público neste ano em que o golpe militar de 31 de março de 1964 completa seis décadas. As obras trazem uma importante lembrança sobre o que foi a ditadura no Brasil, encerrada apenas em 1985.
Inspirada em vivências pessoais, a autora Maria Adelaide Amaral escreveu o romance Aos Meus Amigos, que ganhou nova edição pela Editora Instante, com lançamento em 1º de abril. A história foi adaptada para a TV com a minissérie Queridos Amigos, que chegou em janeiro ao Globoplay.
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Na minissérie, Léo (Dan Stulbach) descobre que vai morrer e decide reunir o antigo grupo de amigos, que não vê há tempos. A reunião entre eles traz à tona traumas do passado, relacionados às vivências no auge da ditadura militar, além de conflitos pessoais ainda latentes entre eles.
O enredo é semelhante ao do livro, que também não é ambientado no período da ditadura, mas anos depois, mostrando os efeitos dos Anos Chumbo na vida dos personagens, entre outros acontecimentos do fim dos anos 1980, como a redemocratização, o avanço da Aids e a queda do Muro de Berlim.
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De Queridos Amigos, a cena mais emblemática talvez seja a de Iraci (Fernanda Montenegro), que encontra um torturador da época da ditadura e o confronta com o diário de Bia (Denise Fraga), filha dela, que conta com detalhes como foi torturada, espancada e estuprada por dias pelo criminoso.
Há um grande valor histórico nas obras, que adquirem novos significados em 2024. Acompanhado por uma legião de apoiadores, o ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de um inquérito sobre uma tentativa de golpe pela cúpula de seu governo para impedir a posse de Lula, no ano passado.
Não é raro encontrar discursos antidemocráticos de quem apoia a ideia de um golpe de Estado, bem como a defesa dos governos militares de 1964 e 1985. São falas que ignoram os ataques a direitos humanos praticados naqueles tempos, de quem parece desconhecer a história do país.