Por que a escalação de Fernanda Montenegro para o filme Vitória está causando polêmica?
Longa-metragem vai contar a história real de mulher que denunciou tráfico de drogas no Rio
Publicado em 16/02/2024 às 13:35
Fernanda Montenegro é a protagonista de Vitória, que chega aos cinemas em 15 de agosto. O longa-metragem resgata a história real de uma senhora de 80 anos que, em 2005, filmou da janela de seu apartamento o tráfico de drogas em Copacabana, no Rio de Janeiro, e denunciou à polícia.
As primeiras informações e fotos do filme foram divulgadas na quinta-feira (15). Nas redes sociais, o conteúdo causou expectativa entre os fãs da veterana atriz, hoje aos 94 anos, mas também uma grande polêmica. Isso porque a personagem real, Dona Vitória da Paz, era negra.
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A escalação de Fernanda Montenegro, então, tem recebido críticas. “Acho que ela é gigante, mas é necessário a gente comentar que a Dona Vitória era uma mulher negra. Ela vivia em anonimato e seu rosto só foi revelado após a sua morte, quando o filme já estava em andamento, mas espero que se tenha uma menção na obra”, apontou uma internauta.
“Acho Fernanda Montenegro grandiosa, porém porque não por uma atriz negra interpretando a história de uma pessoa negra?”, indagou outro. “É indiscutível o talento de Fernanda Montenegro. Dito isto, com tanta atriz negra, tinha que ser ela a interpretar Vitória, a mulher que filmou e levou à prisão traficantes e policiais do Rio?”, cravou um terceiro.
Houve também quem sugerisse a escalação de atrizes pretas para o papel, como Zezé Motta. Confira algumas publicações no X/Twitter:
lusurt0s
maddaxcarai
francoadailton
DirceuTavares16
O NaTelinha entrou em contato com a Conspiração Filmes e deixou o espaço aberto para um pronunciamento. Até a finalização deste texto, não houve resposta.
Saiba mais sobre o filme Vitória, com Fernanda Montenegro
Vitória é o último filme de Breno Silveira, que morreu em maio de 2022, de ataque cardíaco. Amigo do cineasta, genro de Fernanda Montenegro e casado com Fernanda Torres, Andrucha Waddington assumiu o projeto. O roteiro é de Paula Fiuza e a produção é da Conspiração Filmes e do Globoplay, com distribuição da Sony Pictures.
O caso, revelado em reportagem do jornal Extra em 2005, também rendeu o livro Dona Vitória da Paz, de Fábio Gusmão, que serviu de base para a cinebiografia. As filmagens da heroína levaram cerca de 30 pessoas à prisão, incluindo traficantes e policiais corruptos envolvidos no esquema.
Pela denúncia, Dona Vitória entrou no Programa de Proteção à Testemunha e viveu "escondida" por 17 anos. Seu nome verdadeiro, Joana Zeferino da Paz, e sua identidade só foram revelados após a sua morte, aos 97 anos, em fevereiro de 2023, em Salvador, na Bahia. Na época, o filme já estava em produção.