Análise

Autor de Renascer acerta ao realocar personagem intersexo no remake; entenda a trama

Com Buba como mulher trans, abordagem importante da novela original aparecerá na adaptação com filho de Teca


Buba (Gabriela Medeiros) e Teca (Lívia Silva) em Renascer
Buba (Gabriela Medeiros) e Teca (Lívia Silva) em Renascer: mudança no remake, criticada no início, se revelou um grande acerto - Foto: Reprodução/Globo

Uma das principais críticas feitas ao remake de Renascer, no ar desde janeiro na Globo às 21h, era relacionada ao fato de a adaptação ter cortado da trama uma personagem intersexo – na releitura, Buba passou a ser uma mulher trans. Agora, o autor mostra que acertou ao realocar essa abordagem, com um recorte bastante oportuno.

Na versão original de Renascer, de 1993, Buba era definida como “hermafrodita”, expressão que caiu em desuso. Hoje, pessoas que nascem com características sexuais físicas que não se enquadram nas definições típicas masculinas ou femininas são chamadas de “intersexo”, termo que engloba várias realidades.

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Em 1993, Buba foi interpretada por Maria Luísa Mendonça, uma mulher cisgênero e não intersexo. Em 2024, o papel foi entregue a Gabriela Medeiros, que, como sua personagem na adaptação, é uma mulher trans. Assim, a intersexualidade deu lugar à transexualidade, que ganhou mais espaço na mídia nos últimos anos.

Atualmente, um dos principais desafios enfrentados por pessoas intersexo aparece logo após o nascimento. São comuns as cirurgias precoces, que buscam "adequar" o corpo dos bebês à binaridade feminina ou masculina. Alguns problemas também são enfrentados pelos pais na emissão de documentos.

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Essas e algumas questões já começam a aparecer em cenas de Renascer, agora assinada por Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, criador da novela original. O filho de Teca (Lívia Silva) será intersexo, e os desafios pós-nascimento estarão em pauta nos próximos capítulos da trama.

A cirurgia será sugerida pelo médico, mas a mãe, orientada por Buba, decide que o melhor é deixar a criança escolher seu gênero naturalmente, ao longo da vida. O nome do bebê será Cacau, sem conotação masculina ou feminina.

Bebê intersexo já estava previsto no remake, segundo Bruno Luperi

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Em entrevista ao blog Universa, do portal UOL, Bruno Luperi disse que a abordagem da intersexualidade já estava prevista. “Nos anos 1990, Buba foi uma personagem intersexo muito bem recebida pelo público. Hoje, com a agenda LGBTQIA+, entendemos que ela poderia tratar questões de gênero de maneira mais ampla”, justificou.

“Achei mais pertinente ter uma criança intersexo, pois essa é uma questão sensível na primeira infância, quando ocorrem violências como intervenções e as pessoas não sabem como tratar.”

Bruno Luperi, em entrevista à Universa, do UOL

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É certo, ainda, que a abordagem sobre o tema feita em 1993 não seria adequada em 2024, com a evolução das discussões a respeito. Ao manter a abordagem da intersexualidade, mas realizar as devidas mudanças, o autor alcançou um recorte mais oportuno e teve mais um acerto, dentre muitos, na adaptação da trama original para os dias atuais.

Nessa mesma linha, já chamaram atenção: os discursos em prol das mulheres de Jacutinga (Juliana Paes) na primeira fase; as religiões de matriz africana representadas por Inácia (Edvana Carvalho); e as investidas de Egídio (Vladimir Brichta) em Joaninha (Alice Carvalho) sendo devidamente tratadas como crime de assédio sexual; entre outras atualizações.

Confira o resumo semanal de Renascer em vídeo:

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