Opinião

Aberturas das novelas deixaram de ser um show à parte

Coluna Especial assinada pelo escritor e roteirista Silvio Cerceau


Trecho da abertura icônica da novela Tieta
Abertura icônico da novela Tieta - Foto: Reprodução/Globo
Por Redação NT, com Silvio Cerceau

Publicado em 19/04/2023 às 06:43,
atualizado em 19/04/2023 às 09:49

Um show à parte nas novelas são as aberturas, algo que desperta a curiosidade e é a última revelação, tendo em vista que só a conhecemos na estreia. Há sempre uma especulação de qual intérprete e qual canção ouviremos todos os dias durante a exibição da trama.

No entanto, hoje parece não haver tanta preocupação, o mesmo cuidado e capricho com essa parte. As aberturas atuais são simples e a música quase sempre uma regravação, assim ocorreu nas últimas produções Pantanal, Mar do Sertão, Além da Ilusão, Travessia, Cara e Coragem, Amor Perfeito e até Todas as Flores.

Antes havia músicas encomendadas exclusivamente para a abertura. Como ocorreu em Tieta (1989) e Gabriela (1979). A era de ouro das aberturas foi sob responsabilidade de Hans Donner e sua equipe. Além das novelas, o designer dava vida às aberturas de vários programas, porém em 2016, após 40 anos de Globo, foi substituído por Alexandre Arrabal, que também deixou a emissora no começo de 2023. 

Como era bom ouvir a voz de Chico cantando As Vitrines em Sétimo Sentido (1982), de Fagner interpretando a canção Noturno de Coração Alado (1980 -1981) e até Ritchie cantando Casa Nova na abertura da novela Champagne (1983 -1984).

Silvio Cerceau

As aberturas chegavam a mais de 90 segundos de arte, como ocorre em Pai Herói (1979), canção com o mesmo título interpretada por Fábio Júnior, e em Água Viva(1980), com Baby Consuelo cantando Menino do Rio. Já na década de 90 esse tempo foi reduzido. Atualmente, as aberturas têm um tempo em torno de 60 a 70 segundos.

Foram produzidos belos trabalhos como em O Dono do Mundo, Alma Gêmea,  Mulheres Apaixonadas, Por Amor, A Viagem, o remake de Mulheres de Areia, Amor de Mãe, aberturas marcantes que ficaram em nossa memórias.

Muitos e muitos artistas fizeram parte dessa história. Tantas vozes, já que estamos falando em mais de 325 novelas produzidas nos diversos horários. Abaixo o ranking com os 5 primeiros colocados:

5 cantores que mais tiveram suas músicas como tema de novela

  • Tom Jobim, com 5 novelas: Tom cantou as músicas "Vai Levando", ao lado de Miúcha, na novela Espelho Mágico (1977); "Luíza" em Brilhante (1981); "Querida" em O Dono do Mundo (1991); "Pela luz dos olhos teus", ao lado de Miúcha, em Mulheres Apaixonadas (2003); e "Sei lá, a vida tem sempre razão", ao lado de Miúcha, em Viver a Vida (2009).

  • Caetano Veloso, com 7 novelas: Caetano Veloso cantou "Todo Homem", ao lado dos filhos Zeca Veloso, Moreno e Tom, na novela Onde Nascem os Fortes (2018); "O Quereres" em A Força do Querer (2017); "Tropicália" em Velho Chico (2016); "Você é Linda" em Belíssima (2005); "Que Não Se Vê" em Esplendor (2000); "Queixa" em O Homem Proibido (1982); e "Alegria Alegria" em Sem Lenço Sem Documento (1977).

  • Gal Costa, com  7 novelas: Gal Costa cantou o clássico "Modinha pra Gabriela" nas duas versões de Gabriela (1975 e 2012); "Só Louco" em O Casarão (1976); "Brasil" em Vale Tudo (1988); "Canta Brasil" em Deus nos Acuda (1992); "Pra você" em Torre de Babel (1998) e "Caminhos do Mar" em Porto dos Milagres (2001).

  • Ney Matogrosso, com 8 novelas: Ouvimos a voz de Ney cantando "Bandido Corazón" em Coquetel de Amor, a novela que se passava dentro de Espelho Mágico (1977); "Não Existe Pecado Ao Sul do Equador" em Pecado Rasgado (1978); "Vida Vida" em Jogo da Vida (1981), "Promessas Demais" em Paraíso (1982); "Vereda Tropical" na novela do mesmo nome (1984); "Kubanacan", na novela de mesmo nome (2003); "Lig Lig Lé" em Negócio da China (2008) e "Trenzinho Caipira" em A Lei do Amor (2016).

  • Rita Lee, com  9 novelas: A primeira foi em 1978: "Eu e meu gato" foi tema da novela O Pulo do Gato. "Chega Mais" que deu título à novela de 1980, estrelada por Sônia Braga e Tony Ramos. No escurinho do cinema tocava a música "Flagra", na abertura de Final Feliz, de 1982. Rita Lee deu nova roupagem ao sucesso carnavalesco "Sassaricando", que foi o nome da novela de Sílvio de Abreu, em 1987."La Miranda" combinava muito com a Carmen Miranda estilizada na apresentação diária da novela Lua Cheia de Amor, em 1990. "Vítima" tinha um clima de mistério bem como exigia a novela A Próxima Vítima, de 1995.

Imagem da thumbnail do vídeo

A música Dona Doida, inspirada numa antiga marchinha de Carlos Galhardo, foi tema da novela Zazá, em 1997. A versão original da música Ti Ti Ti, gravada por Rita Lee, foi usada no remake da novela, em 2010. Em 1985, na primeira versão da história de Cassiano Gabus Mendes, a mesma canção tinha sido gravada pelo grupo Metrô. Minha Vida na novela Espelho da Vida.

Além de todas essas novelas, Rita também emplacou a música Cor de Rosa Choque no programa feminino TV Mulher, que marcou época na década de 80.


Silvio Cerceau é escritor, roteirista e tem 13 livros publicados. 
Instagram @silviocerceau 

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