Coluna Especial

Por que as trilhas sonoras de novelas fazem falta na Globo?

Coluna Especial assinada pelo escritor e roteirista Silvio Cerceau


Capas do discos das novelas Vale Tudo, Mulheres Apaixonadas e Tieta
Trilhas sonoras de novela de Vale Tudo, Mulheres Apaixonadas e Tieta - Foto: Montagem NaTelinha
Por Redação NT

Publicado em 01/03/2023 às 05:55,
atualizado em 22/03/2023 às 15:13

Já não se fazem trilhas sonoras de novelas como antigamente. As trilhas nacionais e internacionais eram aguardadas com ansiedade. Logo que uma canção embalava o casal principal, essa música chegava às paradas de sucessos e permanecia por meses. 

As trilhas de novelas fizeram histórias e embalaram tantos momentos nas vidas de muitas pessoas: quantos romances, quantas lembranças. Eram um complemento à história. As capas eram sempre um enigma, a curiosidade do público em saber qual personagem iria estampá-la. Tudo era caprichado, capa, sobrecapa, encarte, ficha técnica contendo todo o elenco e parte da produção como autoria e direção.

A era de ouro das trilhas sonoras foi entre a década de 1980 e 2015. O sucesso era tanto que algumas músicas eram lançadas em clipes no Fantástico. Quantos sucessos nacionais e artistas ficaram conhecidos e fizeram sucessos devido à inserção de sua música em uma novela, fazer parte da trilha era como uma premiação.

Muitos artistas internacionais também ficaram conhecidos no Brasil através de uma trilha de novela, a música Baby Can I Hold estourou nas paradas de sucessos assim que tocou em Vale Tudo (1988), e sua intérprete Tracy Chapman ficou conhecida no país.

A TV Globo, principalmente, tinha um cuidado especial na seleção das músicas, havia encomendas específicas de músicas e intérpretes para aberturas e em algumas vezes para os personagens centrais. Por exemplo, em Tieta (1989-1990), o tema de abertura que leva o nome da trama foi especialmente composto por Boni e Paulo Debétio, uma letra escrita sob medida para a novela. Nessa ocasião houve também a encomenda de Coração do Agreste, interpretada por Fafá de Belém, tema da personagem principal.

Silvio Cerceau

As músicas que fizeram história nas novelas da Globo

As trilhas de aberturas fizeram história. Pavão Mysterioso, cantada por Ednardo, tema de Saramandaia (1976), se tornou um clássico. Há muitos outros, como Bijuteria de João Bosco tema da novela O Astro (1977), As Vitrines, Chico Buarque, tema de Sétimo Sentido (1982), Noturno cantada por Fagner, tema da novela Coração Alado (1981). Simone ganhou o Brasil cantando Tô que Tô na abertura de Sol de Verão (1982-1983).

Teve também os grandes sucessos que embalavam os romances e sofrimentos dos casais, em Vale Tudo (1988), Faz parte do meu Show (Cazuza), Tá Combinado (Maria Bethânia), em Mulheres Apaixonadas (2003), Velha Infância (Os Tribalistas), foram tantos sucessos que é impossível citar todos aqui.

Silvio Cerceau

Bruno Mars embalou os romances de Rafa e Cecília em Insensato Coração (2011) com a música Talking to the Moon, de Paloma e Bruno em Amor à Vida (2013) com When I Was Your Man e virou um grande sucesso, assim também ocorreu com Sam Smith, que fez parte da trilha de Babilônia (2015) - a música I’m Not The Only One embalava o romance de Beatriz e Diogo.

Quem nunca se identificou com um tema de novela, seja nacional ou internacional? Quem nunca teve um romance embalado por essa ou aquela canção? Quem nunca desejou um LP, uma fita K7, ou mais recentemente, um CD?

Em 2021, a TV Globo encerrou definitivamente a produção dos CDs das trilhas de novelas. Na era das plataformas digitais, a emissora poderia continuar lançando com o mesmo cuidado de antigamente os álbuns digitais, certamente fariam sucesso. Fica a dica.

É isso que faz falta.


Silvio Cerceau é escritor, roteirista e tem 13 livros publicados. 
Instagram @silviocerceau 

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