Opinião

Manoel Carlos é o grande mestre da dramaturgia

Coluna Especial assinada pelo escritor e roteirista Silvio Cerceau


Manoel Carlos usando bengala em uma montagem com as Helenas das suas novelas
Manoel Carlos ficou famoso com suas Helenas - Foto: Montagem/Divulgação

Que Manoel Carlos está entre os maiores dramaturgos, isso é inegável. O grande autor que já se aposentou, completou 90 anos no último dia 14 de março, e deixou uma grande contribuição para a teledramaturgia brasileira. Histórias memoráveis. Suas peculiaridades no texto deixam saudades e a vontade de sempre querer ver de novo uma novela dele.

Maneco estreou sua carreira na década de 50 no teatro onde ficou por quase dez anos. Sua novela de estreia foi em 1978, na TV Globo, um grande sucesso na época, no horário das seis, Maria, Maria. Em seguida, estreou A Sucessora, atualmente em reprise inédita no canal Viva as 11h45, uma singela homenagem ao autor, acho que ele merecia muito mais.

Foi colaborador de Gilberto Braga na novela Água Viva (1980). Logo depois, assinou as novelas Baila Comigo(1981), sua estreia às 8 da noite e quando nasceu sua primeira Helena.  Em 1982, escreveu Sol de Verão, novela a qual teve que se afastar devido ao abalo pela morte de Jardel Filho. Após esse fato, saiu da Globo e escreveu obras para Band e Manchete.

Em 1991, de volta a Globo, no horário das seis, entra na sua fase de ouro com a novela Felicidade, outro sucesso do horário foi História de Amor (1995).Nos anos seguintes, migrou para o horário nobre e parou o Brasil com suas tramas: a troca de bebês em Por Amor (1997-1998) e a icônica e emocionante cena de Laços de Família (2000)em que Camila raspa o cabelo por causa do tratamento para leucemia.

No ano de 2003, mais uma sucesso mexeu com o Brasil: Mulheres Apaixonadas. O folhetim  teve temas fortes, um incentivo de encorajar a força das mulheres. Foi um sucesso de audiência, assim como as novelas Páginas da Vida (2006) e Viver a Vida (2009).

Em 2014, foi ao ar sua última novela: Em Família. Mais compacta, abordava com sutileza os conflitos humanos, como sempre alguém vive na vida. A novela foi boa, embora sofresse críticas negativas. Afinal, medem qualidade de texto e produção pelos números da audiência e isso em minha opinião é um grande erro, uma grande injustiça. Ele escreveu também as minisséries A Presença de Anitta (2001 e Maysa Onde Mora o Coração (2009).

A sensibilidade de Manoel Carlos 

O novelista Manoel Carlos vem de um ciclo de sucessos, um autor que se consagrou e se consolidou por tratar temas complexos com muita sensibilidade, nos levando para dentro das casas daqueles personagens e nos fazendo torcer por esse ou aquele.  Sempre com sofisticação, até suas vilãs eram sofisticadas com doses de maldades, nada surreais, como encontramos diariamente.

Abordou tantos temas que ainda eram tabus na época: bissexualidade, traições, ciúmes doentios, celibato, alcoolismo, violência doméstica, violência contra o idoso, abordo, câncer, a manipulação humana, síndrome de Down, rejeição, amor entre jovens e pessoas mais velhas, deficiência física, amor entre primos e tantos outros que nos fizeram encantar e que fazem um bom folhetim dar certo. O novelista sabia tecer sua história com primor. Um mestre da dramaturgia.

Silvio Cerceau

Como faz falta o Leblon de Manoel Carlos. Como faz falta suas Helenas, tão diferentes uma da outra, deixando claro que sempre uma nova história seria contada.  Resta agora reviver essas histórias que não envelhecem nunca, no streaming ou na TV aberta em um Vale A Pena Ver de Novo. Viva Manoel Carlos!

Em vídeo, confira Manoel Carlos falando sobre novela:

Imagem da thumbnail do vídeo


Silvio Cerceau é escritor, roteirista e tem 13 livros publicados. 
Instagram @silviocerceau 

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