Emissoras utilizam tom crítico em cobertura de greve geral e desagradam manifestantes
Publicado em 01/05/2017 às 17:40
A última sexta-feira (28) foi de manifestações em várias cidades do país. Convocada por centrais sindicais e com o nome de “greve geral” (há divergências entre historiadores com relação ao termo), os protestos foram contra as reformas Trabalhista e da Previdência, pauta do Congresso Nacional nos últimos dias.
As televisões abertas brasileiras, como não poderia deixar de ser, fizeram a cobertura dos eventos pelo país, entretanto, de maneiras diferentes. Tanto Globo quanto RecordTV evitaram utilizar o termo “greve geral” para referirem-se ao movimento.
Globo
A TV Globo chamou a atenção ao ignorar os atos em seus telejornais exibidos na véspera do acontecimento (27). Nenhuma informação a respeito do evento ou suas possíveis implicações foi noticiada, em uma atitude interpretada pelos organizadores como tentativa de “abafar” o movimento.
No dia 28, entretanto, a emissora deu ampla cobertura ao ato em seus programas ao vivo e em flashes durante a programação.
O programa “Encontro com Fátima Bernardes”, por exemplo, destacou a dificuldade de locomoção por conta dos bloqueios realizados e fez um giro pelas capitais, em cobertura semelhante à destinadas a outras manifestações recentes.
RecordTV
Utilizando-se do mesmo tom da Globo, bastante criticado pelos partidários dos manifestantes, a emissora novamente fez uma ampla cobertura, focando na obstrução dos caminhos, com uso de GCs com dizeres como “dia de greve com pouca adesão e muita confusão” e criticando a ação de “black blocs”, principalmente em seu telejornal policial de maior audiência, o “Cidade Alerta”.
SBT
Na emissora de Silvio Santos, que enfrentou uma polêmica em razão de institucionais defendendo a reforma da Previdência e também de uma entrevista com o presidente Michel Temer, que foi ao ar no domingo anterior (23), a cobertura foi bastante aguardada.
Logo no “Primeiro Impacto”, o jornalismo da casa indicou as categorias que aderiram à paralisação e deu flashes sobre a situação de momento sem, entretanto, dar ênfase à questão.
O “Fofocalizando” priorizou a pauta de Léo Dias sobre uma possível reviravolta no caso de assédio de José Mayer, falando sobre as paralisações apenas no final do programa, com direito a link ao vivo na avenida Paulista.
O SBT voltou a chamar a atenção com a exibição de uma entrevista de Carlos Massa, o Ratinho, com o presidente Michel Temer, que defendeu a realização da reforma da Previdência, com argumentos que rebatem as críticas ao texto, já atualizada com as alterações sofridas pelo projeto no Congresso.
Band
A TV Bandeirantes também realizou ampla cobertura das manifestações, com destaque para uma entrevista com o governador Geraldo Alckmin, do estado de São Paulo, ao “Brasil Urgente”.
Nas demais reportagens, destaques para depredações e para as dificuldades causadas aos trabalhadores por conta das paralisações.
RedeTV!
Na RedeTV!, o destaque foi o programa “Melhor pra Você”, que abordou o assunto das manifestações desde a quinta-feira (27), com informações aos telespectadores sobre os meios de transporte que funcionariam no dia seguinte e o esquema logístico para a cidade de São Paulo, como a liberação do rodízio e dos corredores de ônibus para o trânsito de veículos.
Já na sexta, o programa manteve a linha e também realizou ampla cobertura das manifestações.
Audiência
No quesito audiência, as emissoras viram seus números crescerem na sexta-feira. Os telejornais e programas matinais da Globo tiveram um acréscimo considerável, atingindo 19,2 pontos na faixa entre 7h15 e 8h30, contra 7,0 da Record, 3,5 do SBT e 2,1 da Band.
O programa “Primeiro Impacto”, do SBT, manteve-se na vice-liderança entre 6h e 7h14, enquanto era apresentado por Dudu Camargo, com 3,4 pontos ante 3,2 da Record e 0,6 da Band.
Na RedeTV!, o “Melhor pra Você” bateu recorde com 1,8 pontos de média e picos de 2,1.
De volta ao canal de Silvio Santos, o “Fofocalizando” manteve-se entre 6,5 e 8 pontos durante praticamente toda a exibição, mas chegou a 6,1 justamente no momento em que o assunto eram as manifestações.