Publicado em 19/03/2024 às 05:00:00
Há seis anos, Monique Curi fez teste para um papel em novela. O “não” que recebeu foi incentivo para uma virada de chave em sua vida. Hoje aos 56 anos, a atriz, que começou na TV ainda menina, lança um livro em que aborda, entre outros temas, as oportunidades que lhe foram negadas ao longo da trajetória.
"Chamo a carreira de atriz de um exercício de frustração. Você está sempre esperando convites que nem sempre vêm. Esperei convites por 40 anos. Fiz papéis maravilhosos, dos 10 aos 50. Só que aos 50, enchi o saco de esperar. Cansei", diz, em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
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Formada em jornalismo, Monique Curi criou um canal de entrevistas no YouTube e também dedicou o espaço para conteúdos sobre o universo feminino. Descobriu, então, uma paixão pela tema, e hoje atua como influenciadora e palestrante focada em motivar mulheres.
Foi nessa mesma toada que escreveu o livro A Virada de Chave, o Dia em que Parei de Esperar, pela editora Planeta. A obra também fala de bulimia, relações abusivas e outros assuntos. “Aos 56 anos, sou mais realizada do que eu jamais fui, porque eu criei uma nova vida de realizações para mim.”
Monique também relembra trabalhos, ainda menina, nas novelas Os Gigantes (1979) e Sol de Verão (1982), que chegaram ao Globoplay recentemente pelo projeto Fragmentos, além de História de Amor (1995), no ar pelo Canal Viva. Ela também responde se toparia um novo papel na TV.
NaTelinha: Muitos dos seus trabalhos na TV foram com o Manoel Carlos. Essa parceria virou uma amizade? Monique Curi: A primeira novela que eu fiz do Manoel Carlos foi Baila Comigo (1981). A gente ainda não se conhecia, e ele “se apaixonou” por mim. A segunda foi Sol de Verão (1982), e aí ele já procurou a minha mãe para perguntar o que eu gostava, como era a minha vida, porque ele queria dar a personagem para mim. A Glorinha foi um presente que ele me deu. A partir daí, sim, virou uma grande amizade. É uma pessoa que eu admiro, respeito e por quem eu tenho uma gratidão eterna. Não fiz todas as novelas dele porque isso não era uma obrigação. Ele me colocava quando tinha um personagem adequado. Mas virou uma amizade, tenho verdadeira paixão pela família dele, por ele, pela Beth e pelos filhos. NaTelinha: Um deles é História de Amor, no ar no Canal Viva. Como foi dar vida à vilã Mariana? Monique Curi: Foi maravilhoso. Esse é um dos personagens de que eu mais gosto. Eu amo a Lídia de Felicidade (1991), mas a Mariana é muito engraçada. Ela é insuportavelmente cômica. Uma menina insegura, sem autoestima, cheia de inveja das pessoas e sem escrúpulos para conseguir o que quer. Só que ao mesmo tempo, ela é engraçada, então gostei muito de fazer. NaTelinha: Quais são suas principais recordações dos bastidores dessa novela? Monique Curi: Das gravações do nosso núcleo. Eva Wilma e Cláudio Corrêa e Castro são inesquecíveis. São duas das pessoas com quem eu mais amei contracenar na vida! Eu me lembro também muito da cena da piscina, que foi muito engraçada de gravar, as duas [Mariana e Neuza, personagem de Mônica Carvalho] caindo na piscina… O elenco era muito bom, me dei muito bem com todo mundo! A Carolina Ferraz era incrível. Foi uma novela em que fiz grandes amizades. A vida vai para caminhos diferentes, a gente deixa de se encontrar, mas são pessoas que eu gosto muito. NaTelinha: Os Gigantes chega, em fragmentos, ao Globoplay neste mês. Quais suas lembranças? Como foi dar vida à personagem de Dina Sfat na infância? Monique Curi: Foi muito bacana. Tinha feito teste para fazer Malu Mulher, e passei. A personagem da Regina Duarte tinha uma filha, e essa menina que se chamava Elisa seria eu. Gravei por três meses, mas depois o Daniel Filho achou que a história estava muito ingênua e trocou o elenco [o papel de Elisa ficou com Narjara Turetta]. Quando saí de Malu Mulher, me deu uma dorzinha no coração. A gente sempre acha: ‘Será que era algo pessoal?’. Não, não era nada pessoal. Fui direto fazer Os Gigantes. Não contracenei com Dina nem com o Francisco Cuoco nem com o Tarcísio Meira [protagonistas da novela], porque eu só aparecia nos flashbacks, mas encontrei com eles demais nos bastidores. Aí você imagina: uma menina começar na televisão numa novela com esses três ícones, que eram três doces, três pessoas incríveis. NaTelinha: Como o trabalho tão precoce como atriz impactou sua vida? Consegue ver benefícios e malefícios dessa experiência? Monique Curi: Os benefícios foram começar a trabalhar cedo, ganhar meu dinheiro, pagar minhas contas e adquirir responsabilidade e comprometimento. Sou muito responsável e disciplinada, e tenho certeza que é porque desde cedo eu tinha horário. Ia para escola, depois tinha gravações o dia inteiro, e à noite tinha que estudar para tirar notas boas. Não vou te falar que eu não podia brincar, que eu perdi a minha infância, porque seria mentira. Tive uma infância maravilhosa, brinquei muito. O lado ruim é que desde cedo fui jogada na profissão. A profissão apareceu para mim sem que eu escolhesse. Quando eu tinha 4 anos, eu estava em uma pracinha e fui convidada para fazer propaganda. Então, a profissão apareceu sem que eu quisesse. Esse fato me fez, talvez, deixar de lado outros oportunidades. Acho muito importante estudar, fazer uma faculdade, estar sempre querendo crescer como pessoa e como profissional. Muito cedo, aceitei que aquela era a minha profissão, e só fui fazer faculdade com 30 anos. Tudo foi mais tarde para mim. NaTelinha: O que te motivou a escrever o livro “A Virada de Chave, o Dia em que Parei de Esperar”? Monique Curi: Chamo a carreira de atriz de um exercício de frustração. Você está sempre esperando convites que nem sempre vêm. Esperei convites por 40 anos. Fiz papéis maravilhosos, dos 10 aos 50. Só que aos 50, enchi o saco de esperar. Cansei. Sei da minha capacidade, do meu potencial, e pensei que não dava mais para ficar esperando, colocando a minha felicidade na mão do outro. Comecei criando um canal no YouTube, porque também sou jornalista e sempre quis ter um canal de entrevistas. Ele começou a inspirar e motivar muitas mulheres. Ali, comecei a entender que o universo feminino era uma coisa que eu amava. Comecei a estudar esse universo e aí virei influenciadora, embaixadora de marcas, palestrante, até que surgiu o convite do livro. O livro mostra justamente que “virei a chave” num momento em que eu já me sentia velha, em que entrei na menopausa, em que eu achava que não dava mais tempo, e deu! Hoje, aos 56 anos, sou mais realizada do que eu jamais fui, porque eu criei uma nova vida de realizações para mim. É isso que tento passar para as pessoas: que é possível. Desde que a gente decida e se comprometa com as nossas escolhas, a gente consegue.
NaTelinha: A obra aborda papéis negados ao longo da sua carreira. Quais foram esses trabalhos? Monique Curi: Foi uma novela, que eu não me lembro qual foi – e não me lembro mesmo, porque já tem seis anos. Tentei fazer e não rolou. Aquilo foi o basta para mim. Falei: ‘Chega!’. Chega de ficar sempre na expectativa, e aí vem um ‘não’, fico péssima, chateada, e tudo isso acaba mexendo até com a nossa autoestima. Entendi que o problema não era eu. A profissão que é complicada, e se eu quisesse continuar nesse esquema, eu ia estar sempre insatisfeita. Foi quando entendi que eu podia muito mais do que isso. NaTelinha: Sente falta de atuar em novelas? Gostaria de voltar? Monique Curi: Amo fazer novela, e sempre falo que a questão é que hoje viajo muito fazendo palestras. A missão que eu descobri é inspirar e ajudar as mulheres que, independentemente da idade, elas podem se reinventar. E esse propósito me dá muito trabalho. Agora, estou em Brasília; na semana passada, estava em Ilhéus; depois daqui, vou para Londrina. Fazer novela hoje tem que valer muito a pena, porque o trabalho que eu já faço me toma muito tempo. Vilã não morreu Mulheres de Areia: Isaura tem reencontro emocionante com Raquel Estreou na TV aos 7 Lembra dele? Ex-ator mirim, Matheus Costa virou galã e bomba na web Vai doer no bolso Não quer Queridinha do autor Resumão Vem aí? Tremendão Melhoras! Cresceu Cicatrizes Oi, sumida! Por onde andam? Marcas da vida Só notícia boa Recuperada Chegou a hora Paizão Ousado Sem papas na língua Riu Não esqueceu