Publicado em 16/08/2023 às 04:30:00, atualizado em 16/08/2023 às 11:05:22
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Duca Rachid dispensa apresentações. Escritora vencedora de dois Emmys de melhor novela - Joia Rara (2013) e Órfãos da Terra (2019) -, é uma autora muito peculiar que aborda com sensibilidade temas sensíveis e não é por acaso que é uma das maiores dramaturgas do momento.
Foi colaboradora de Walcyr Carrasco em O Cravo e a Rosa (2000) e A Padroeira (2001) e autora de O Profeta (2006), Cama de Gato (2009), Cordel Encantado (2011), Joia Rara (2013) e Órfãos da Terra (2019), em coautoria com Thelma Guedes.
Duca foi ainda supervisora de texto na série Ligações Perigosas (2016), de Manuela Dias, colaboradora da novela Coração de Estudante (2002) e em outras emissoras escreveu Tocaia Grande (1995), na TV Manchete, e Os Ossos do Barão (1997), no SBT.
Agora está no ar sua primorosa obra Amor Perfeito, em coautoria de Júlio Fischer. A produção entrou em sua reta final e é uma novela clássica, leve e sensível que conquistou o público. Que história gostosa de acompanhar. Tem todo melodrama que um bom folhetim necessita.
Em suas últimas semanas, a obra tem vários ganchos que despertam a curiosidade do público. No capítulo da última terça-feira (15), o advogado Júlio, vivido por Daniel Rangel, enfim, descobriu que seu pai é o prefeito Anselmo (Paulo Betti), mas outros segredos serão revelados.
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Ione (Carol Brada) já descobriu a treta do marido com Sônia (Bárbara Sut). Porém, ainda tem coelho neste mato, quando será revelado o filho que tiveram, que morreu e foi enterrado como filho de Marê (Camila Queiroz).
Quais serão as consequências das armações e crimes da grande vilã Gilda (Mariana Ximenes), juntamente com Gaspar (Thiago Lacerda)? E tem muita gente para ser desmascarada. O delegado Ciro, vivido por Beto Militani, o promotor Silvio, interpretado por Bukassa Kabengele.
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Ainda tem a revelação do pai de Tobias (Davi Queiroz) e a grande espera da história a descoberta de Marê (Camila Queiróz) e Orlando (Diogo Almeida) de que Marcelino (Levi Asaf) é o filho deles, creio que é a cena mais esperada da novela e certamente será extremamente emocionante.
Enfim, Amor Perfeito é uma novela muito, muito boa. Bem articulada e bem amarrada, com um arco dramático bem construído, algo essencial para a história dar certo. A previsão é que o último capítulo vá ao ar no dia 22 de setembro, encerrando essa trama bem-sucedida que deixará, saudade, com certeza.
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Eu conversei com a autora sobre essa emoções finais e sobre como foi a criação dessa obra baseada no livro Marcelino Pão e Vinho.
Confira a entrevista exclusiva com Duca Rachid, autora de Amor Perfeito:
Duca, como surgiu a ideia de usar como inspiração a história de Marcelino Pão e Vinho para uma novela?
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Duca Rachid - Marcelino Pão e Vinho foi o primeiro filme que vi com minha avó. Meu primeiro contato com o cinema. Eu tinha por volta de sete a oito anos. E ali nasceu o meu amor pelo cinema e o desejo de trabalhar com audiovisual. Só fui ler o livro anos mais tarde. Então essa é uma história muito cara pra mim. Eu e o Júlio Fischer tínhamos escrito essa sinopse em 2003, quando ainda escrevíamos o Sítio do Picapau Amarelo. Quando vi Anne com E, uma história de órfã, que fez muito sucesso na Netflix, me lembrei desse trabalho e resolvemos apresentá-lo à casa. O Silvio (de Abreu) ainda comandava a dramaturgia e ficou empolgado com a ideia, assim como o (José Luiz) Villamarim.
Na história de maneira muito sensível você e sua equipe abordam de forma sutil temas que ainda são bem atuais, principalmente o racismo. Fale sobre a importância dessa abordagem.
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Duca Rachid - A ideia era falar de amor, nas suas mais diversas formas e manifestações. Estávamos vivendo (e ainda estamos) um momento de muito ódio, polarização, destruição, desumanidade, e achamos que falar de amor, não só o amor romântico, mas o amor filial, o amor fraterno, o amor pela natureza, pelos animais, seria importante. E claro que isso passaria sim pelo nosso racismo estrutural e também pelo machismo.
Temas que, infelizmente, ainda continuam atuais e que tem a ver com compreensão, escuta, acolhimento, aceitação, com amor, enfim. Fomos pesquisar e descobrimos que no Brasil sempre existiu uma elite negra, que nunca tinha sido retratada, principalmente numa novela de época.
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E cuja história foi apagada pela narrativa branca. Um exemplo – o médico baiano, Juliano Moreira, considerado o fundador da psiquiatra brasileira. Então resolvemos escrever essa história em que também falamos de racismo – que não pode ser ignorado, mas onde os personagens não estão ali só com esse fim, para sofrer o racismo, mas vivendo suas vidas, suas histórias, sua cultura, sua estética, seus sonhos e anseios, e oriundos das mais diversas camadas sociais.
E assim como tivemos muitas pessoas negras pioneiras nos seus ramos de atuação, tivemos também muitas mulheres, nas artes, na literatura, nas ciências, na política. Um exemplo é Alzira Soriano, a primeira mulher a se tornar prefeita de uma cidade no Rio Grande do Norte, e que serviu de inspiração para a trajetória de Cândida Evaristo, personagem de Zezé Polessa.
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Amor Perfeito entra na sua reta final, sendo que terá seu último capítulo exibido em 22 de setembro O que podemos esperar até lá?
Duca Rachid - Estamos caminhando para o fim e o público pode esperar muitas revelações e desfechos inesperados, como convém a um bom folhetim.
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Existem ainda muitos ganchos e muitas revelações a serem feitas, mas a maior expectativa é de quando Marê saberá que Marcelino é o seu filho. Você pode, sem dar spoiler, falar um pouco dessa cena, ela já foi escrita? Ocorrerá só no final?
Duca Rachid - No fundo, Marê e Orlando já intuem que Marcelino é filho deles. E já tratam o menino como tal. Os três, além dos religiosos da Irmandade, já constituem uma família amorosa. Mas sim, essa cena em que Marê e Orlando descobrem que Marcelino é o filho perdido, já foi escrita e deve ir ao ar em breve. Foi uma cena que muito nos emocionou e, acreditamos, também irá emocionar os telespectadores.
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Gilda com certeza entrou para o hall das melhores vilãs da dramaturgia. Pode adiantar qual será o seu castigo?
Gilda já vem sendo castigada por suas maldades. Essa obsessão em tirar tudo de Marê, o patrimônio, o amor, o filho, acabou se voltando contra ela mesma. Mas o público pode esperar um desfecho à altura da belíssima atuação de Mariana Ximenes e Thiago Lacerda. Arrisco dizer que será um desfecho épico.
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Duca Rachid
Essa obra tem um texto tão profundo e sensível, o que fez a novela se tornar tão agradável e gostosa de assistir, além da direção artística muito acertada. Conte-nos um pouquinho sobre como planejaram tudo isso.
Duca Rachid - Uma vez que nossa premissa era falar do amor em suas mais diversas formas e manifestações, procuramos desenhar cada personagem – inclusive a nossa grande vilã – sob a ótica da sensibilidade e da busca por camadas de suas personalidades, de modo que não ficassem chapados.
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Acreditamos que foi por esse motivo que vários dos nossos personagens geraram empatia por parte do público, algo que ficou patente em inúmeras manifestações nas redes sociais. Além disso, tivemos a sorte de contar com uma direção e uma equipe de cenografia, figurino, caracterização, direção musical, etc., totalmente afinada com o nosso propósito enquanto autores o que contribuiu imensamente para o resultado final.
Amor Perfeito é dessas novelas que deixará saudades, muitas saudades, e o elenco despertou muita atenção, principalmente por ter várias pessoas negras e alguns rostos novos. Como foi feita essa seleção?
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Duca Rachid - Salvo no que se refere aos atores/atrizes mais conhecidos por nós (como Babu Santana, Tony Tornado, Antônio Pitanga, Juliana Alves e Bukassa Kabengele, por exemplo), os demais foram selecionados através de testes. Foram muitos testes, com várias opções para cada papel, numa demonstração eloquente da quantidade e da qualidade de talentos negros que estão no mercado e que têm muito a contribuir para o audiovisual brasileiro.
Foi uma escola bastante difícil, por vezes sofrida – dada, justamente, a qualidade dos candidatos – mas o andamento da novela demonstrou que fizemos as escolhas certas. E esperamos, no futuro, poder trabalhar com outros tantos que não pudemos aproveitar agora.
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Você pode falar sobre a responsabilidade de escrever uma novela, mesmo sendo ficção e entretenimento.
É uma responsabilidade imensa, como você bem sabe. Atualmente, com o fenômeno das redes sociais, podemos auferir, quase que “em tempo real” a maneira como as tramas impactam o espectador – quer positiva, quer negativamente. Acreditamos que o fato de estarmos criando entretenimento não nos isenta de procurar contribuir para, de alguma forma e em alguma medida, interferir positivamente no mundo em que vivemos – quer gerando empatia para com algum grupo ou questão social marginalizado, quer chamando a atenção para alguma questão que pode gerar reflexão e questionamento por parte do espectador, quer, no mínimo oferecendo ao espectador uma novela de qualidade, que cumpra sua missão de entreter o espectador respeitando a sua sensibilidade e inteligência.
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Duca Rachid
Uma pergunta que não quer calar: Quando teremos Duca e Thelma de novo?
Duca Rachid - Tenho muitas saudades de trabalhar com a Thelma. Essa porta estará sempre aberta. Tenho uma admiração muito grande por ela, como pessoa e profissional. Somos mais que parceiras de trabalho, somos amigas, comadres, temos muitas afinidades, partilhamos de muitas inquietações e temos muitos projetos juntas, de que gostamos muito e gostaríamos de realizar. É um encontro precioso, que merece ser cultivado.
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Deixe uma mensagem para os seus fãs e para os leitores dessa coluna.
Duca Rachid - Não percam os últimos meses de Amor Perfeito. Garanto que vão se surpreender e se emocionar com o desfecho das nossas histórias.
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