Clássico da TV

Por que a Globo quer fazer mais um remake, agora de Vale Tudo?

Nova versão da novela está programada para 2025, quando a emissora completará 60 anos


Beatriz Segall como Odete Roitman na novela Vale Tudo, exibida entre 1988 e 1989
Quem matou Odete Roitman? Vilã de Vale Tudo marcou carreira de Beatriz Segall (1926-2018) - Foto: Divulgação/Globo

A Globo pretende fazer um remake de Vale Tudo para 2025, ano em que a emissora completa seis décadas de existência. Releitura do grande sucesso exibido entre 1988 e 1989, o projeto, ainda em fase embrionária, deve ser desenvolvido pela autora Manuela Dias, de Justiça (2016) e Amor de Mãe (2019).

A intenção do canal diz respeito a uma recente tendência, de aposta na nostalgia e em histórias que já fizeram sucesso no passado. Além disso, também está relacionada ao êxito da novela original, escrita por Gilberto Braga (1945-2021), Aguinaldo Silva e Leonor Bassères (1926-2004).

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Vale Tudo não foi apenas uma novela de sucesso, mas figura entre as produções fundamentais da TV brasileira. Críticos especializados na área são unânimes ao apontá-la como uma das melhores tramas já produzidas pela Globo. Para muitos, foi a melhor.

Houve um encontro entre um texto coeso, inspirado e bem escrito, um elenco de atuações memoráveis, direção competente e reconhecimento do público àquele bom trabalho. Destaca-se ainda o diálogo da história com a cena brasileira: uma crítica social que se aplica tanto a 1988 quanto a 2023.

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A trama é centrada na rivalidade entre a honesta Raquel (Regina Duarte) e sua filha, a arrivista Maria de Fátima (Gloria Pires). O bom caráter de uma se contrapõe à péssima índole da outra, levando, junto a uma variedade de outros personagens, a uma reflexão sobre a ética do povo brasileiro.

Os autores souberam dosar essa abordagem com entrechos folhetinescos. Outra personagem de destaque é a esnobe e corrupta milionária Odete Roitman (Beatriz Segall). Morta na reta final, a personagem virou protagonista do “quem matou?” mais célebre da teledramaturgia nacional.

Remakes devem se tornar ainda mais comuns daqui para frente

Remakes não são novidade na TV, mas essas adaptações, assim como as reprises de novelas antigas, se tornaram mais comuns nos últimos anos. É uma reação natural dado o sucesso de histórias que já são conhecidas do público e tiveram sua capacidade êxito comprovada no passado.

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O caso mais recente e evidente é o de Pantanal, trama de 1990 que fez sucesso novamente em 2022, com nova roupagem. Seguindo o mesmo estilo – e os mesmos autores –, Renascer (1993) vai ganhar nova versão em 2024. Antes, Elas por Elas (1982) chegará na faixa das 18h, substituindo Amor Perfeito em setembro.

No caso específico da Globo, ainda há uma dificuldade em consolidar novos roteiristas às 21h. Em janeiro, o NaTelinha antecipou que a emissora seguiria apostando em remakes na faixa após Renascer, e que novelas dos anos 1980 e 1990, de Gilberto Braga e Manoel Carlos, estavam no páreo.

Nesse processo de “revisitar” boas histórias, a Globo fatalmente apostaria em Vale Tudo em algum momento. No audiovisual, a máxima de que “não se deve mexer nos clássicos” costuma ser ignorada para atender interesses financeiros das empresas. Há grande chance de fracasso, mas a repercussão da empreitada já está garantida.

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