Quarta Parede

Criativa, confusa e nonsense, Kubanacan cativou legião de fãs

Trama rocambolesca não impediu sucesso da novela, que chega ao Globoplay nesta segunda-feira (7)

Ao lado de Marcos Pasquim, Regina Duarte integrou numeroso elenco de participações especiais em Kubanacan - Foto: Globo/João Miguel Júnior
Por Walter Felix

Publicado em 07/12/2020 às 05:37:00

Exibida entre 2003 e 2004, Kubanacan tinha trama confusa escrita por Carlos Lombardi, com viagens no tempo, centenas de personagens e um fio condutor rocambolesco. Nada disso impediu seu sucesso de audiência, um dos maiores públicos das 19h em sua época. A chegada ao Globoplay nesta segunda-feira (7) atende a um pedido de longa data feito pela legião de fãs do Pescador Parrudo, o herói descamisado vivido por Marcos Pasquim.

Ambientada em uma ilha paradisíaca que dá nome à novela, Kubanacan se dividia em duas locações: a desenvolvida capital, à beira de um golpe de Estado, e uma colônia de pescadores abalada com a chegada de um novo morador. O desmemoriado Esteban, papel de Marcos Pasquim, literalmente cai do céu na vida de Marisol (Danielle Winits) ao ser resgatado do mar pela moça.

Enquanto busca desvendar sua própria identidade, o protagonista também se envolve com Lola (Adriana Esteves), dona de casa casada com Enrico (Vladimir Brichta), ex de Marisol, que a essa altura também já trocou Esteban pelo General Camacho (Humberto Martins), o ditador do local. Esses são apenas alguns dos pontos de partida de uma história que ficou no ar por longos nove meses.

A cada capítulo, novos personagens entravam e saíam de cena para incrementar o mistério em torno do passado de Esteban, que ganhou dois sósias no decorrer da trama: o atrapalhado Adriano e o cruel León, também chamado de Dark Esteban. Até Regina Duarte, hoje longe das novelas, mas ainda venerada como "namoradinha do Brasil" naquela época, deu as caras como Maria Félix, mãe do galã.

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Kubanacan apostou em comédia, sensualidade e ação para fisgar a audiência

A aposta na comédia, permeada por cenas de sensualidade e ação, foi parte da receita do sucesso – a mesma utilizada para o êxito do autor em títulos anteriores, como Quatro por Quatro (1994) e Uga Uga (2000). Em coluna especial para o NaTelinha, Carlos Lombardi revelou que Kubanacan nasceu de uma provocação para escrever uma nova Que Rei Sou Eu? (1989), clássico de Cassiano Gabus Mendes exibido no mesmo horário.

Dadas as devidas proporções, as novelas de fato se aproximam por apostar em algo novo para as 19h, mantendo-se ancoradas no humor típico da faixa. A primeira era uma trama capa-e-espada na época da Revolução Francesa; a segunda, uma ficção científica com tempero latino, ambientada em meados do século XX. Ambas fugiam do território brasileiro, mas para falar justamente do Brasil, abordando nossa política e com o nosso DNA presente em seus personagens.

Ainda que muitos tenham torcido o nariz para Kubanacan há 17 anos, a novela conseguiu o feito de fisgar o grande público com uma trama inventiva e diferente do que se costuma ver em novelas. Outras apostas tão ousadas, como Bang Bang (2005), de Mário Prata, exibida anos depois, amargaram o insucesso. A criação de Carlos Lombardi também conseguiu entreter e divertir em alguma medida, ainda que poucos tenham conseguido acompanhar as idas e vindas da história.

Tornou-se cult com o tempo, mais pelo absurdo da trama, seus pitorescos personagens e pelo estilo farsesco do que propriamente pela qualidade final do produto. Como consequência, está presente na memória afetiva de muitos fãs. Em novembro, o anúncio de seu retorno pelo Globoplay foi comemorado fervorosamente nas redes sociais. Em breve saberemos quantos destes tiveram fôlego – ou paciência – para maratonar os 227 capítulos dessa novela tão original quanto nonsense.

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